TIPO UM BAIÃO
Aurora tinha um chamego na cintura que deixava-me tonto. Algo assim como um arrepio na espinha. Algo como um frio no estômago. Algo como um não sei o nome. Aurora era assim. Trazia-me chá de hortelã com gengibre, quando estava com a garganta irritada, e não podia recitar poesia. Aurora era mulher que dizia que para uma casa ser feliz bastava que fosse um lar. Para o almoço de domingo trazia-me um frango de padaria. Dizia que o primeiro dia da semana não era dia de fogão. Por isso não cozinhava. À tarde vinha com bolinhos de chuva comprados numa delicatessen. À noitinha, ordenava chocolate quente com brownie de cenoura, de uma confiserie. Domingo não jantávamos. Só quando tínhamos visita, encomendávamos algum assado de uma rotisserie. Mas nos momentos de mais profunda solidão, ficávamos preguiçosos entre quatro paredes, recostados um ao ombro do outro, dando beijos de passarinho. Lá pela hora de dormir, deitávamos, e lá permanecíamos até Morfeu nos chamar.
Amor assim não encontro mais. Não nesta vida. Aurora era a claridade que precede o nascer do Sol. Era mulher para a humanidade inteira. Mulher para um batalhão de mortais. Mas preferiu ser só minha: aurora.
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