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Mostrando postagens de julho, 2012

SE FOSSE EU

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Drugstore of love: Se vendesse amor na farmácia, tudo seria mais fácil. Era só procurar uma drogaria e pedir um frasco de amor. Assim o amor teria receita e a gente tomaria como se fosse remédio. Se fosse assim, alguém encontraria a cura para a solidão. Porque as dores d’alma são muito mais profundas que as do corpo. Mas essa coisa de amor vendido em farmácia não existe. Nenhum remédio para o coração é capaz de cicatrizar as fissuras de minh’alma.      Se vendesse amor na farmácia, juro que compraria um container para nós. Estocaria tudo em casa: no caso do amor acabar. Há tanta violência no mundo, que qualquer dia desses, o amor chega ao fim. O amor está em falta no mercado, sabe. As pessoas precisam colocar o egoísmo de lado e aprender a ser mais generosas. Mas nós não correríamos esse perigo se vendesse amor em frasco. Teríamos amor um bocado. Com amor para dar e vender, que alegria há de ser! Amor de Homeopatia ou amor de Alopatia? Pouco importa. Desde que fizesse o efeito desejad

THE GOODBYE BOY

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Delicadezas da alma: Talvez estrelas sejam pedacinhos de Deus brilhando no céu. Talvez estrelas sejam favos de mel. Talvez estrelas brotem do céu de tua boca. Talvez.   CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com THE GOODBYE BOY™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

CARTA DE AMOR

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Era o pai e o filho. Era o filho e o pai. A mulher havia morrido a pouco mais de um ano. O pai ficara sem esposa. O filho: sem a mãe. Aquilo era coisa de  novela das 9. Aquilo era dor para um metro e meio de perna. Dor para quilômetro e meio de gente. Dor que não se mede. Eles eram pobres. Muito pobres. O filho vivia reclamando de fome. Pedia pão, mas o pai não tinha pão para dar. Às vezes comiam um rato doméstico. Desses que andam pelo esgoto da casa. Para quem tem o que comer pode parecer absurdo. Mas não é, não. A fome tem cara de herege. Então não há fé que aguente viver com fome. Aí a gente reza. Aí se acende e apaga a vela. Aí a gente se joga no chão e dobra os joelhos: “Deus me socorra ou permita que eu morra. Mas não me deixes aqui sem ter nada”. O copo d’água ajuda. A fome atrapalha. A água engana a fome. Entretanto, depois de alguns dias sem forrar o estômago, a gente enfraquece. É frio, é mal-estar, é dor de cabeça. A gente põe para fora até o que não comeu. A gente troca o

BALADA DE GISBERTA

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Depois dos 30, percebo que a velhice tem me visitado regularmente. São dores na coluna que eu não sentia, calores e calafrios que eu não tinha, esquecimentos momentâneos, aumento de peso e queda de cabelo. Nada disso acontecia até os 29. E para piorar, a velhice descaradamente tem tentado se instalar no meu corpo. Rebato tamanha insolência correndo contra o tempo. É musculação, é natação, é dança de salão, é Pilates. Faço de tudo para me manter em forma, mesmo vendo que estou cada dia mais quadrado. Isso mesmo. Quadrado. Tenho uma teoria que diz que aquele que não engorda com a idade, acaba ficando quadrado. O corpo vai ficando cada dia mais parecido com uma embalagem Tetra Pak. Cada vez mais me sinto com o corpo de uma caixa de leite. Mas fazer o quê?! Plástica? Morro de medo. Dieta? morro de fome. O que me resta é correr, correr, correr. Malho tanto que as dores que sinto não sei é da idade ou da vaidade. Quem dera alguém inventasse malhação à base de poesia. Aí eu pegaria um livro,

TE VIVO

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A paixão é aquilo que chega de noite, e pega a gente dormindo, sem tempo de se preparar. A paixão é a surpresa de amores fugazes. O amor, não. Amor é coisa que vem de outra vida. Amor é sono profundo. Amor é cochilo na rede. Amor é a melhor coisa do mundo. Eu prefiro amor à paixão. Paixão dá muito trabalho. Uma dor de cabeça que a gente pode evitar. Falar de amor é fácil. Paixão, não. Paixão é difícil de engolir. Dá um nó na garganta, falta saliva na boca; porque paixão  incomoda. Então por quê falar de paixão se é melhor amar? Portanto, calo-me agora, e o amor que está lá fora, se quiser pode entrar.     Paixão é lampião sem querosene. Amor é serpente do mar. CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com TE VIVO™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

VOCÊ DE MIM NÃO SAI

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Feijão Maravilha: Feijão tem gosto de terra. Gosto da terra da gente. Tem coisa melhor que degustar a comida da terra? Não. Porque a comida da terra tem o gosto da gente. CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com VOCÊ DE MIM NÃO SAI™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

O QUERERES

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Quando nasci o mundo já estava aqui. E quando partir, de certo há de estar. Então não tenho eu, direito de em nada mexer. Tenho sim, o direito de viver. Mas viver em perfeito equilíbrio com a natureza. Logo isso é um dever. Dever de preservar. Dever de deixar para os meus filhos e para os filhos dos meus filhos, aquilo que outros deixarão para os seus filhos e para os filhos dos seus filhos. Pois todos saímos da mesma matriz. A minha matriz chamo de Deus. O outro que chame do jeito que quiser. É a minha matriz que devo todo o respeito. Ela é minha fôrma. Ela que me deu a aparência que tenho. Aparência esta que é a imagem e semelhança desta mesma matriz que me criou. O lugar de onde eu vim, onde mora a minha matriz, é sempre muito iluminado. Acho até que lá tem um sol para cada habitante. Aliás, somos o sol uns dos outros. Por isso lá brilha tanto. Lá é cheio de gente. Nasce gente como semente jogada ao chão. Em muito pouco tempo brota uma árvore. Em menos tempo ainda nasce um pé de fe

ENCONTRO

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Hoje acordei com uma dor de estômago no exato lugar que liga o corpo à alma. Foi como se eu tivesse feito ligadura de trompa, impedindo minh’alma de nascer. Mas minh’alma sou eu. E aqui estou. Vivo. Todavia a dor não passa. É como dor de morte. Por mais que a gente tente fugir dela: ela nos alcança. Algo deve ter morrido dentro de mim esta noite. Enquanto dormia, minh’alma desistiu de viver. Entretanto como sou teimoso, vou tomar alguma coisa para o estômago, deitar e esperar a dor passar. E se não passar, vou-me embora. Terá chegado o meu fim.       CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com ENCONTRO™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

EU VELEJAVA EM VOCÊ

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Esperança é coisa que posso ter até o último suspiro. Aliás, esperança é algo que carrego até depois da morte. Porque esperança é aquilo que vem de dentro. A esperança me comove até nos meus ínfimos detalhes. Ela está entalhada em mim tanto quanto estou nela. Isso. A esperança é meu entalhe. E eu me entalho nela. Entalho-me até a raiz do pescoço. Entalho-me até o pó do osso. Meu tutano é cheio de poesia. Minha medula é só alegria. Eu sou a esperança guardada no corpo de um homem, que antes de ser mortal, posto que é corpo, é soberanamente infinito em sua essência. Sou um pássaro sem pouso certo. Sou a alma do deserto. Sou aquele que não precisa de nome, muito menos de sobrenome.  Deve ser por isso que amo demais. A esperança me comove, me envolve, me faz explodir como fogos de artifício. Mas não tenho esperança de gente. Tenho esperança de bicho. Não quero casa própria nem dinheiro no banco. Não quero sapato nem sola de tamanco. Quero a natureza que vem da terra. Quero a brisa que vem

SEU OLHAR

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Ele sentia-se menosprezado pela vida. Rauê era o seu nome. Ele não tinha o que todo mundo almeja hoje em dia: fama, beleza, dinheiro, sucesso, poder. Tinha, não. Era até feio por fora. Mas por dentro... Ah, por dentro... Por dentro era um mar de rosas.  Rauê achava o ser humano pouco inteligente. Ah, esqueci de dizer: Rauê era um cão. Um cão de rua. Um vira-lata cheio de pulga. Carrapato dava até para contar... Latia de vez em quando. Vez por outra: mordia. Mas era só de vez em quando. Ele gostaria de ter sido adotado. Ter pai e mãe como todo mundo. Mesmo que fosse um ser humano num quadro pendurado na parede. Mas ninguém o quis perfilhar. O cão vivia feito um cão sem dono. E isso deixava-o deprimido. O ser humano é pouco inteligente. Isso não deixava-o contente. Acho que viveu mais de vinte anos. Era isso que o povo dizia. Mas tenho cá minhas dúvidas... Como um bicho tão maltratado pode ter durado tanto? Hoje Rauê está morto. Ficou só na lembrança. E como ninguém é para sempre, um dia

VACA PROFANA

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Ela era filha do seu João do chocolate e da dona Maria do algodão doce. Mas era amarga que só. Quando abria a boca: soltava até marimbondo. Era ferroada para lá. Ferroada para cá. Tinha o cabelo trançado qual Maria mijona. Andava com as pernas arcadas e usava umas botas para as pernas consertar. Toda vez que corria: caia. Parecia uma manga despencando ao chão. Eu tinha pena dela. Todo mundo ria quando ela caia. No fundo era boa, aquela coitada. Mas desistiu de viver. E como a vida não perdoa os desertores, acabou seca como o quê.  CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com VACA PROFANA™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

ODARA

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Ela tinha a delicadeza de uma flor no momento da morte. Uma solidão que só quem morre sente. Ela tinha as mãos dormentes e o pés frios. Quando chorava, deitava água para fora da bacia, como quem brota uma cachoeira. Ela era sofrida, mas amável. Era sincera, mas gentil. Era calada, mas falava entre os vãos de suas pernas.  Acho que em algum momento foi feliz. Deve até ter sorrido por um breve instante. Talvez lá pelos tempos de criança, onde todo mundo é rico, por mais pobre que seja. A infância é o momento em que almejamos alguma coisa na vida. Mesmo que seja um pirulito de morango. Mesmo que seja uma cumbuca de açaí. E com ela não deve ter sido diferente. Contudo não sei dizer se é verdade. Entretanto alguma coisa me diz que sim. Ela deve até ter dado gargalhada, quando descobriu que o mundo, não é nenhum mar de rosas. Ela deve ter dito para si mesma: “Está vendo …  eu avisei. Avisei que você iria sofrer novamente. Avisei que iríamos sofrer juntas feito alma e corpo. Eu avisei... bem

COMO É LINDA A MINHA ALDEIA

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Aldeia Global: Tenho a impressão de que quando falo de mim: atinjo outra pessoa. Porque eu, que sou um grãozinho de areia, pertenço a mesma aldeia, de quem está d’outro lado do mundo.   CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com COMO É LINDA A MINHA ALDEIA™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

BERIMBAU

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Elisa é o tipo de pessoa que nunca está satisfeita com nada. Reclama que o sorvete é frio, que o açúcar é doce, que a beterraba é aguada. Deve ser muito chato ser ela. Se fosse comigo, eu não me aguentava. Pessoa que reclama da vida dá nos nervos de qualquer um. Isso certamente aborrece a Deus. Se eu que não pus Elisa no mundo, fico irritado, imagina Ele. Um dia conversando cá com meus botões, acabei desabafando: “Sei não... se continuar ranzinza assim, um dia Deus se cansa, e coloca Elisa de lado”. Não deu outra. Elisa de tanto reclamar da vida, acabou morrendo, e não foi para o céu. Conclusão: Elisa cantou de galo e caiu do cavalo. CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com BERIMBAU™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

SHIMBALAIÊ

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Here we go! Aqui vamos nós. A dois. A sós. Aqui vamos nós: como mil sóis. O sal na prateleira. O fel na algibeira. O sonho no criado-mundo. Acho que estou surdo. Eu te ouço, mas estou surdo. Sim, estou surto. Estou surdo de ti.    Aqui vamos nós…  CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com SHIMBALAIÊ™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

O IMPORTANTE É SER FEVEREIRO

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A moralista: Se carnaval é festa da carne, onde a alma entra nisso? Corpos sarados, braços tatuados, rostos mascarados, espíritos alcoolizados. Eu não vejo teu rosto por detrás desta máscara. Tem alguém aí? És homem ou lobisomem. És menina-moça ou menina-mulher? Se carnaval é festa da carne: é aí que mora o perigo! Se carnaval é festa da carne: a alma cai no buraco. Se carnaval é festa da carne: o espírito entra pelo cano. É uma bordoada atrás da outra, até a alma aprender, que carnaval é festa pagã. Carnaval pode ser muita coisa, mas não é festa cristã. Cristo não coaduna com o pecado, pois sabe o que é certo e o que é errado. Carnaval vem do lado escuro do homem. Carnaval não é coisa de Deus.   Se carnaval é festa da carne, não me convide de novo. Minh’alma fica doente toda vez que botas teu bloco na rua.     CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com O IMPORTANTE É SER FEVEREIRO™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORA

MENINO DO RIO

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Eu tenho um amigo paulistano cujo apelido é paulista. Uma referência ao Estado onde nasceu e mora, e não à cidade onde vive. O nome dele é Alfredo. Mas todos o conhecem mesmo como “paulista”. Paulista tem mania de dizer que carioca vive na praia. Ele não está errado de todo, porque carioca vive numa cidade de praia . Aliás, várias praias! Isso não quer dizer que quem mora no Rio vai todo dia à praia. Eu mesmo, faz mais de ano que não sei o que é isso. Morando na Tijuca e trabalhando no centro, acabo esquecendo que praia existe. Quando era mais novo era diferente. Saia da escola, mochila nas costas, e praia que te quero praia! Agora, não. A gente acaba assumindo tanta responsabilidade na vida, que parece que a vida acaba nos levando para outro lado. Mas gosto de praia. Gosto de ouvir o som do mar. Gosto do pôr-do-sol em Ipanema. Gosto de água de coco no Forte de Copacabana. Gosto de caminhar pelo Leme. Gosto da Enseada de Botafogo. Até da Praia do Flamengo eu gosto, embora não dê para c

EXPRESS YOURSELF

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O que fazer no primeiro encontro? Seja natural, banque o difícil e não pareça carente! CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com EXPRESS YOURSELF™ © copyright by betto barquinn 2012 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN