LÁVA-ME Ó DEUS



 Christmas Crib:

Era antevéspera de natal. Ela saíra para comprar os ingredientes que faltavam para a Ceia do Cristo. Acabara de adotar uma filha. E aquela data representava o natalício de uma nova família. Para fazer feliz a menina, contratara Papai Noel, veja só “Agora tenho criança em casa” pensou. “Preciso fazê-la viver, nem que seja por um dia, toda a magia da vida”.

Enquanto escolhia cuidadosamente cada produto no supermercado, depreendeu que todos estavam muito tensos. Eram os clientes nervosos, os funcionários irritados, um péssimo exemplo para uma criança. Não havia nada naquele templo do orgulho, do egoísmo, da vaidade e do consumismo, que se parecesse com as virtudes cardinais (prudência, justiça, fortaleza e temperança) e com as virtudes teologais (fé, esperança e caridade). “Tanto se fala em cordialidade, educação, amor ao próximo, e o que se vê é o oposto disso. É um empurra-empurra endiabrado, um mau humor aviltante, uma pressa desenfreada, uma estúpida corrida do ouro. Se cada um respeitasse o próximo, as coisas seriam diferentes. Mas, não. Ao invés disso as pessoas agem com ignorância. Parece que não veem nada além de si mesmas. O ser humano insiste em voltar à Pré-história toda vez que chega o fim do ano. Não há mais gentileza em nossa sociedade. Resta-nos olhar boquiabertos para o que nos transformamos. Os nossos ancestrais; os antropoides do passado, — sentiriam vergonha se nos vissem agora” — verbalizou. Os grandes símios são uma piada. Como declarou Charles Darwin: ‘“O homem com suas nobres qualidades, ainda carrega no corpo a marca indelével de sua origem modesta”’. Ou seja, a humanidade é a imagem distorcida de orangotangos, gorilas e chimpanzés; — vangloriando-se por ter sobrevivido ao ardipithecus, astralopithecus, homo habilis, homo rudolfensis, homo erecutus, homo neanderthalensis, homo sapiens idaltu: até chegar ao homo sapiens sapiens. Entretanto, quando paramos para pensar, logo percebemos que não passamos de primatas que falam e escrevem. Mas que são incapazes de fazê-lo com sabedoria. Verdadeiros analfabetos funcionais, que mal conseguem entender a própria existência. É isso que somos. E pensar que um homem santo morreu crucificado para salvar uma humanidade, que no tocante à moral, ainda não saiu da Idade da Pedra”  — desabafou.

Na noite de vinte e cinco de dezembro daquele ano, ao ver a mesa posta em homenagem ao aniversariante do dia, agradeceu a Deus por finalmente ter uma filha, e poder ensiná-la a tornar-se um pouco mais do que a maioria se esforça para ser. Natal não é presépio bonito, pinheiro iluminado, presente caro e roupa nova. Natal é a data que celebra o nascimento do homem mais importante do nosso mundo. Um homem que ensinou por parábolas, porque pregou para seres humanos tão estultos quanto os de hoje; que por serem tão pueris, foram incapazes de perceber que estavam diante do Filho de Deus. Deve ser por isso que o Cristo disse: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham”. 


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