I WAS HERE






Metade de nós passa a maior parte do tempo, tentando fazer alguma coisa, que marque a sua passagem pela Terra. A necessidade de ser inesquecível deve se dar pelo fato de que todos sabemos que um dia vamos morrer. E morrer para uma sociedade capitalista é a pior coisa que pode acontecer na vida de um homem. Aquilo que é certo, que sabemos desde que nascemos, que crescemos vendo as pessoas partirem, torna-se um monstro guardado no fundo da alma. Algo que ninguém mexe. Algo que ninguém quer tocar. E a morte fica lá, escondida e parida, como um bebê a espera de nascer. São os noves meses de gestação de uma vida inteira, que parece que só tem algum valor, na hora da morte. Aí as pessoas correm contra o tempo. Aí parece que a vida é curta demais. Aí tudo não faz mais sentido. Morrer é a única certeza do materialista. Para ele, morrer significa perder. Perder o lucro, perder as conquistas, perder tudo aquilo que construiu para a morte. Os herdeiros, que também irão morrer, por uma fração de tempo, desfrutarão do luxo e da riqueza de alguns. Se é que esses irão deixar alguma coisas para os outros. E de morto em morto, os bens pasam de vivo em vivo, até se perpetuarem na ausência de uma geração que se foi. Aos que virão, não lhes restará outra alternativa, que viver, morrer, passar tudo o que têm para alguém. Essa é a primeira metade: aquela que vive com medo de morrer.

A segunda metade é aquela que respira ares mais orientais. Embora tenha nascido e vivido no ocidente, incorpora o pensamento da vida eterna, da imortalidade da alma, do infinito de nós mesmos. Vive sim, querendo marcar a sua passagem pela Terra, mas faz do amor e da caridade, a carruagem que os conduz para a imortalidade, através da cultura, na pessoa da música, da arte, dos dons mediúnicos, da palavra, do afeto, do carinho dedicado ao outro, da gentileza  doada como gotas de fraternidade, e da certeza que irão para o lugar em que seus espíritos construíram para si mesmos, depois de uma existência de acolhimento e bondade. A esses de fato pertence aquilo que chamos de “inesquecível”. Mesmo que nunca sejam lembrados, serão uma parte da humanidade que deu certo. Terão proporcionado ao mundo, uma dose extra de solidariedade. E como bem sabemos, tudo que é feito com amor, de alguma forma se perpetua: fica no planeta quando daqui partimos. O sucesso pessoal não tem nada a ver com fama. Sucesso é algo que cabe dentro da alma da gente. É mais interno que externo. É alguma coisa entre a felicidade e a esperança, que carrega no corpo, o espírito de Deus. Essa metade entrará para a história, porque já é história desde que nasceu. E quando morrer, irá buscar dentro de si mesma, aquele tesouro que multiplicou ao longo de sua passagem pela Terra. Tesouro este, que é tão imaterial, que a levará para um lugar que aqui nem posso expressar, porque é uma pátria moral, habitada por aqueles que lograram uma reforma interior, e conseguiram.

D’onde se conclui que o maior inimigo do homem é o próprio homem. O maior amigo do homem é ele mesmo. Morrer é apenas uma passagem de tempo. Deus não criaria ninguém a sua imagem e semelhança, que não pudesse viver tanto quanto Ele.  A segunda metade está certa: aquela que não tem medo de morrer.


Eu caminho para o infinito de mim mesmo, com a certeza que do outro lado da vida, estarei a me esperar. 



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