LE PATRIOTE
Era um tragédia. Ela representava os últimos dias de Maria Antonieta na Torre do Templo. A personagem era aquela que puxava a vida para baixo. Estava de luto. Vestia-se de branco. Luiz XVI havia morrido a nove meses atrás. Só lhe restava a liberdade da lâmina da guilhotina. No palco um copo d’água e uma vela. Na platéia espectadores com lágrimas nos olhos. O monólogo seguia arrastado, como se caminhasse para o nada: rumo ao precipício. A atriz falava baixinho. Era quase um desabafo em lá menor. Quem estava sentado na primeira fileira, mal ouvia o que ela dizia. Da segunda metade do teatro em diante, era o silêncio em doses homeopáticas. O espetáculo era ruim. Alguns dormiam. Outros faziam palavras cruzadas. De repente ela deixou-se ouvir e o que era inaudível fez algum sentido. Ela dizia para a sombra de um homem pintado na parede: “Não houve um só momento na vida em que meu coração não tenha sido picado por cobras. Não devia ter deixado Viena e mudado-me para Versalhes. Foi ali que a