TODO DIA ERA DIA DE ÍNDIO





Filho da sabedoria universal;
Queria ser como índio.
Ser natural,
Só me preocupar com a natureza.
Índio é puro,
É vida,
É gente,
Só mata para comer,
E é dígno por isso.
Índio,
Conhece a floresta
como ninguém,
Pois faz parte dela.
O índio não vê o mundo,
Como o chamado “civilizado”,
Para o índio o mundo é simples,
Resume-se no amor,
Na fé,
E na paz.

Mestre de um dom único;
Queria ser como índio.
Ver a existência humana,
Com olhos inocentes,
Ver o homem,
Como uma extenção
 de Deus.
Saber observar o canto
dos pássaros,   
O pôr-do-sol,
A dança da chuva,
Ser mais humano,
Mais bicho-do-mato,
Comer uma fruta,
Uma raíz,
Saber o valor das ervas,
E me sentir feliz.
Não ser tão exigente,
Capitalista,
Ambicioso.
Viver sorrindo,
Mesmo sem motivo aparente.
Entrar em sintonia com a
essência de Deus,
Olhar o céu,
E contemplar as estrelas.
Sim,
Queria ser como índio.

Comunidade da luz;
Queria ser como índio.
Ter a minha própria tribo,
Ser um índio em minh’ oca,
Sem um servo em minh’aldeia,
Ser pajé,
Ser curumim,
Ser cacique,
Ser aimirim.
Queria ser como índio,
Falar sobre os mistérios
da noite,
Temer o trovão,
Venerar Tupã,
Amar Nhanderuvuçu,
Subir em árvore,
Ser o equilíbrio,
Entre as forças do céu e da Terra,
Pensar diferente;
Pensar como índio.
Mas não sou como índio,
Sou mais um cidadão
do mundo,
Em busca de riqueza,
Conforto,
Fama,
Sucesso,
Vaidade para as aparências,
Longevidade para o orgulho,
Aplauso para o egoísmo;
E sabe-se lá Deus o quê.
Querendo ser mais a
 cada dia,
Sem ter tempo,
Para ser melhor,
Como ser humano.
 Sendo conhecido e
respeitado,
Podendo ter tudo
 que desejo,
Mas vivendo sem amor.
Não vendi minh’alma
a ninguém,
Mas de quando em quando,
Bate alguém à porta,
Querendo minh’alma cobrar.
Falam de mim o que
 eu não sou,
Publicam coisas que
 eu não disse,
Fazendo de mim uma farça.
Queria ser como índio,
Mas lamento;
Não sou.
Queria ir para um lugar feliz,
Lamentavelmente;
Não vou.
Hoje,
Compro votos,
Minimizo infinitos problemas,
Sou um ídolo para muitos,
Que como eu,
Precisam acreditar em
 alguma coisa.
Mas eu não sou nada,
Coisa alguma;
Eu sou.
Não,
Não sou como índio,
Como não sou quem 
gostaria de ser.
Quando me olho no espelho,
Vejo um estranho,
Dando-me bom dia.
Mas ainda há esperança
para minh’alma,
Por isso sigo o meu caminho,
Sigo caminhando,
Sigo andando a pé.
Sei que me reconhecerei,
Quando me encontrar;
Como índio.









   


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