CIRANDA DA BAILARINA






Eu tinha uma caixinha de música que tocava uma ciranda triste. Era algo confuso, parecia que não era música de gente, não. No alto da caixinha, uma bailarina rodopiava num pé só. Ela parecia triste, embora tivesse um sorriso de reclame de pasta de dente. Mas era dente demais para um boca tão pequena. Dente demais para uma cantiga de roda. Passava horas ali, dando azo ao tempo, fazendo a bailarina rodar. Devo ter gasto as cordas da caixinha a muito tempo. Devo ter deixado a bailarina tonta. Esqueci onde pus a doce menina. Devo-a ter perdido em uma de minhas muitas mudanças. Mudei muito desde então, sabe? Mudei por fora e por dentro. Hoje entendo porque a bailarina era triste. Agora sei porque aquela ciranda parou de tocar.     



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