PESSOA NEFASTA
Ele era um analfabeto moral. Sabia como ganhar dinheiro, tinha o QI muitíssimo acima da média, era PhD em tudo, entendia um pouco de cada coisa do mundo, havia feito todo o pós-doutorado do universo, mas não sabia nada sobre a arte de amar. A sua ignorância sobre o lado divino da vida era lamentável. Vivera uma vida inteira e não aprendera nada sobre o amor.
Um dia acordou e descobriu que estava morto. Ao abrir os olhos, aquilo que viu não se pareceu com o céu dos seus sonhos. Não havia anjinhos de asas brancas. Não tinha ninguém tocando harpa nas nuvens. Aquele céu real era muito mais simples do que aquele céu imaginário que ele tinha na cabeça. Era humano demais. E para ele, que não sabia absolutamente nada sobre o lado divino da vida, a morte parecia um desastre. Com o tempo foi se acostumando. Aquele lugar era como a Terra: só que maior. Então ele lembrou-se de tudo que sabia e chegou a conclusão de que não sabia coisa alguma. Ali de nada valia ser inteligente nos moldes da carne. O que importava era a sabedoria do espírito. E nitidamente, naquele lugar ele era o mais ignorante dos homens. Não havia aprendido nada sobre os desígnios de Deus. Aliás, se esbarrasse com Ele na rua, nem o reconheceria. O Criador para ele era um velho chato com uma cajado na mão. Mas quem se imaginaria sendo à imagem e semelhança disso? Só ele mesmo; que não tinha imaginação. Ficou ali algum tempo, naquele céu dos suicidas, esperando a oportunidade de nascer de novo. Nasceu. Desta vez voltou à Terra disposto a aprender a ser gente: simplesmente. E conseguiu.
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