AMOR ATÉ O FIM
Em “O Amor nos Tempos do Cólera”, Gabriel García Márquez fala de um sentimento que ultrapassa a barreira do tempo. Fermina Daza e Florentino Ariza viveram aquilo que todos nós gostaríamos de viver. Mesmo com tantas dificuldades, afinal a vida não é fácil para ninguém, no final de sua biografia eles se reencontraram, dispondo-se a receber da vida, o que a vida podia lhes dar. Era o amor possível batendo-lhes tardiamente à porta. Mas estava lá, inclinado a juntar aquelas almas ávidas para conjugar o verbo amar, com toda a sua poesia. Florentino atravessou o tempo, fiel ao seu coração. Fermina após viver as alegrias de um casamento que deu certo, uma vez viúva, decidiu dar mais uma chance ao amor.
A velhice tem dessas coisas: liberta-nos das nossas próprias amarras, mostrando-nos que a opinião dos outros pouco importa, quando é a nossa felicidade que está em jogo. A esta altura da vida, os dois não tinham nada a perder. Um amor que esperou “cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com suas noites”, merece ser vivido com toda a sua intensidade. E se não desse certo, se a epidemia de cólera os alcançasse na próxima curva do rio, já tinham vivido tanto, experimentado de tudo, que nenhum sofrimento seria maior do que aquele sentimento que renascia ali, no meio das impossibilidades da vida, fazendo-os realizar aquele velho sonho, que a um segundo atrás parecia-lhes impossível.
Gabriel nesta Obra memorável, diz que “a vida, mais que a morte, é que não tem limites”. É mais ou menos isso. Faço aqui uma livre tradução, já que li o original em espanhol. Fiz isso como um exercício de aprendizagem. Li o original porque estava em busca do domínio da língua. E neste caso, a língua ganha um sentido diferente de idioma. O que quis apreender lendo-o em espanhol, foi domar a minha própria língua (anatomia), para depois reeducá-la em um idioma que não é o meu de origem, já que o português é minha língua materna. E falando nas incontáveis possibilidades da vida, tem um outro trecho lindo do livro, quando Fermina Daza pergunta a Florentino Ariza, se ele fala sério ao dizer que os dois devem seguir viagem no barco onde estão, por toda a vida, e Florentino responde: “Desde que nasci –, não disse uma só palavra que não tenha sido séria”. Era a maturidade falando mais alto.
E lá no último parágrafo do livro, quando o capitão do barco pergunta a Florentino Ariza, até quando deveriam continuar navegando pelo Caribe, ele responde: “Por toda a vida”. Pelo avançado da idade, tanto para Florentino quanto para Fermina, faltava muito pouco para este “por toda a vida” chegar ao fim. Mas o tempo em certos momentos é o que menos importa. Pois a qualidade da vida que se leva, suplanta os ponteiros do relógio. Portanto, já que o universo é o quintal da Casa de Deus, temos que nos dar o direito de sermos felizes. Porque a vida na Terra passa muito rápido, mas o que levamos conosco quando daqui nos ausentamos, é o que nos acompanhará de hoje ao infinito, e de lá até a eternidade, sem conclusão de curso.
Das muitas formas de amar, prefiro aquela que me deixa com os olhos rasos d’água. É a felicidade dizendo-me que estou no caminho certo. E já que a caminhada é longa, e a estrada termina onde o amor de Deus começa, então que sejamos fiéis a nós mesmos, guiados por nossos melhores sentimentos. A gente erra menos quando agrega amor ao destino. Acabo de fazer isso ao redigir estas mal traçadas linhas. Espero ter tornado o seu dia mais feliz. Deus te abençoe.
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