NOS BARRACOS DA CIDADE




O amor chegou-me num copinho de sorvete. Veio na forma de um picolé. Era um amor de um centímetro e meio, com um pouco de filosofia no recheio. Trazia Voltaire e Gotthold Ephraim Lessing. Pôs a minha vida em revista. Tornou-me um pacifista. Agora o amor toca harpa para mim. Nos dias pares me traz Mostesquieu. Nas horas ímpares me chega com Denis Diderot. Ontem me trouxe Bento de Espinosa numa caixa de isopor. Agora me chegou com Immanuel Kant debaixo do braço. Acho que o amor se parece com Jean-Jacques Rousseau. O amor é a cara de John Locke.

Às vezes o amor me traz pão de queijo. Tem uma lata de marmelada aqui em casa, e foi o amor que me deu. Gosto quando o amor me oferece poesia. Adoro quando no café da manhã faz torrada. O amor é para mim como o livro: um amigo inseparável. Como Benjamin Constant. Como David Hume. O amor é um vidro de perfume. Um cocar florido. Um colar indígena. Uma peça de seda. Um corte de cetim. Por isso o amor me deixa assim. O amor é tudo que eu gosto. E aposto: o amor acabou de chegar. 

O amor é um filósofo iluminista.



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