ILÊ! PERÓLA NEGRA (O CANTO DO NEGRO)

O objetivo de escrever um texto como este, é de que num futuro próximo, histórias assim só possam ser vistas nas obras literárias, e não na vida real.
(Carlos Alberto Pereira dos Santos) 


Diagnóstico Social:

O negro tem que entender que não deve nada à sociedade brasileira ou a quem quer que seja. Sem complexo de inferioridade, por favor. Foi o negro quem foi escravizado, menosprezado, tratado como coisa, lido como um ser sem alma. Foi ele quem teve o espírito arrancado da carne, e quase; dizimado, pelas mãos de um desalmado qualquer. Foram tantos séculos de maus tratos, que nem mesmo a Abolição da Escravatura, o livrou de continuar sendo tratado com abjeção. Por isso o negro tem que estudar tudo o tempo todo. Inclusive a própria história. Estudar suas origens na África, e tudo que aconteceu com seu povo, e em suma; consigo, — desde então. Isso é cidadania: buscar a própria identidade, encontrá-la, reconhecê-la, e assim que possível, reescrevê-la. Ao afro-brasileiro cabe resgatar a sua árvore genealógica; roubada pela maldade humana, e uma vez senhor de si, ocupar o seu lugar no tempo e no espaço. O negro é um ser humano. Portanto, pensa. E há sabedoria dentro deste centro de sensibilidade consciente da atividade psíquica. A cor da pele (ou a raça que o indivíduo traz impressa em si) não o difere moralmente de ninguém. O que distancia um indivíduo do outro, é a capacidade que cada um tem de aceitar a si, e ao outro, fazendo das diferenças (sejam elas quais forem), o propulsor que o levará a alçar os mais altos voos em torno da própria essência. No dia que provarem que a raça de alguém o faz superior aos demais, os atores sociais viverão uma realidade tão horrível quanto esta que vivemos até agora. Porque mesmo sendo cientificamente comprovado que somos todos iguais em capacidades plurais, há quem ache o contrário. Mas, partindo da premissa daqueles que pensam (e não acham), já que baseando-se na racionalidade, apoiam-se no estudo e na veracidade dos fatos científicos, — ninguém é pior do que ninguém só porque tem a pele com mais ou menos pigmentação. E ainda há aquele que acha que negro não pensa… Achismo é casmurrice. Fatos são irrevogáveis. Ser negro em uma sociedade racista e preconceituosa, como esta que vemos no Brasil, é mesmo muito difícil… Mas quem disse que seria fácil? Aos que conseguem driblar essa falácia de que negro é inferior (e nada inteligente), é dado a chance de, ao depararem-se consigo mesmos à frente do espelho, verem ali refletido um cidadão vitorioso. Porque todos somos vitoriosos. Ainda mais nascendo pobres e pretos em uma sociedade que odeia pobres e pretos. Uma sociedade que renega a própria história, e pisa na alma de seus filhos, não é digna de ser pai nem mãe de ninguém. Portanto, somos vitoriosos, sim. Vitoriosos por termos sobrevivido ao sequestro a que nos submeteram da África para o mundo. Vitoriosos por termos durado, obviamente, ao navio negreiro. Vitoriosos por termos chegado vivos à América. Vitoriosos por após trezentos e oitenta e oito anos de escravidão no Brasil, tendo sido largados na rua da amargura com a mão na frente e outra atrás, — ainda termos forças para sentarmos e escrevermos a nossa História.

Brasil: um país marcado pela desigualdade racial, onde os negros, na primeira oportunidade que aparece, agarram-se à vida com a mesma força que seus antepassados agarraram-se aos navios tumbeiros, e disseram: nós não morreremos!

Quiseram nos matar (como o querem até hoje): mas nós não morremos.






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