UM PENTE É UM PENTE





Ele era um bom marido até se envolver com uma tal de galega. Piriguete de pai e mãe aquela sujeita. Dizia-se 'destruidora de lares'. E quem leva no portfólio um curriculum desses, não deve ter um pingo de vergonha na cara. Orgulhava-se de ter roubado o marido de muitas amigas. Amiga da onça é o que ela era! Eu não colocaria uma mulher dessas aqui em casa. Acontece que não sabia que ela era assim. Soube depois, quando já era tarde demais.

A primeira vez que veio aqui em casa, servi-lhe café com bolo. Bom seria se fosse cicuta. Tinha até chumbinho no armário. Contudo era para os ratos: suspeitava. Logo eu, que sempre tive faro para esse tipo de coisa, fui cair na armadilha daquela ratazana. Ela disse-me que veio do Norte. Pegou carona em um caminhão de goiaba. Na certa deve ter vindo sentada no colo do caminhoneiro. Era mulher de boléia; aquela safada. Só eu, avoada que sou, não pude ver isso. Mudou-se para perto de casa. Parede e meia era o que nos separava. Dava até para ouvi-la batendo um prego na porta. A cama rangia. Devia ter homem em casa. Perguntei se era casada. Ela disse que não. Perguntei se era viúva ou separada. Ela fez que não com a cabeça. Desconfiada, perguntei-lhe se tinha parente no Rio: gato, papagaio ou cachorro para lhe fazer companhia. Ela descaradamente disse outra vez que não. Era pipa voada: mulher ordinária que cata papel na ventania. O papel da vez; era meu marido.

Depois descobri que veio em casa querendo me conhecer. Queria ver a cara da mulher traída. Na certa sentiu um gostinho de vingança. Na certa riu de mim pelas costas. E eu ali toda boba, servindo café com torrada. Como come aquela esganada... Primeiro foi o bolo. Depois a torrada. Quando perguntei se queria mais alguma coisa, ela disse que ovos com bacon caía bem. Fritei-lhe os ovos. Servi-lhe o bacon. Ela era a patroa e eu a empregada. Depois de alguns dias mudou-se. Mas antes me deu prejuízo. Pediu uma xícara de açúcar: não devolveu. Pegou meu colar de pérolas... e o vento levou. Disse que precisava de uns trocados para o ônibus, dei-lhe uma nota de cem, a vaca não trouxe de volta. Quando achei que nada mais iria  aprontar; levou meu marido.       

Ele se envolveu com aquela uma... E foi embora com aquela tal... 






CONTACT BETTO BARQUINN:


UM PENTE É UM PENTE™ © copyright by betto barquinn 2012
TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

GAROTO DE PROGRAMA

ETERNAMENTE ANILZA!

COLOQUE O AMENDOIM NO BURACO DO AMENDOIM