AUTONOMIA
Como uma folha de Anaïs Nin nas mãos de Henry Miller:
A escritora francesa, Anaïs Nin, autora de “A casa do incesto”, “Inverno artificial”, “Uma espiã na casa do amor”, “Em busca de um homem sensível”, “Passarinhos”, “Fogo”, “Pequenos Pássaros”, “Henry & June”, e “Delta de Vênus”, — disse que “a única anormalidade é a incapacidade de amar”. Concordo piamente com ela. Em um de seus sete diários, escritos entre os anos 1931 e 1974, Anaïs Nin, proferiu: “Eu creio que escrevemos porque temos que criar um mundo em que possamos viver (…) Tive que criar um mundo meu, com um clima, um país, uma atmosfera em que eu pudesse respirar, reinar e recriar o que a vida destruía. (…) Também escrevemos para aumentar nossa consciência de vida. Escrevemos para atrair e encantar e consolar os outros. Escrevemos para levar uma serenata aos nossos amantes. Escrevemos para saborear a vida duas vezes, no momento e na retrospectiva. Escrevemos como Proust, para que tudo seja eterno, e para persuadirmos a nós mesmos do que somos… Escrevemos para transcendermos as nossa vidas, para chegarmos além delas. Escrevemos para aprendermos a falar com os outros, para registrarmos a viagem através do labirinto. Escrevemos para ampliarmos nosso mundo, quando nos sentimos asfixiados, constrangidos, solitários. Escrevemos como os pássaros cantam, como os primitivos realizam suas danças ritualísticas. Se não respiramos escrevendo, se não choramos escrevendo ou cantamos escrevendo, então não escrevamos. Porque a nossa cultura não necessita de nada disso. Quando não escrevo sinto que o meu mundo se encolhe. Sinto que estou no cárcere, que perco meu fogo, meu calor. Escrever deveria ser uma necessidade como o mar necessita da maré. A isso eu chamo respiração”.
Eu sinto tudo isso quando escrevo. Por isso escrevo. A literatura é a minha válvula de escape, meu porto seguro, minha casa no universo. Escrevendo eu converso comigo mesmo, sabe. É o momento em que coloco os pingos nos ‘is’ e nos ‘jotas’. E depois de estar com a casa arrumada, dou a volta ao mundo, para aprender a lidar comigo e com o outro; para nascer, renascer, errar e acertar; encarnando e reencarnando tantas vezes, que já perdi a conta de quantos corpos eu tive. Ainda assim, de corpo em corpo; e até mesmo quando nem corpo eu tenho, — continuo concordando piamente com o pensamento de Anaïs Nin: “a única anormalidade é a incapacidade de amar”.
Posso não saber quase nada da vida. Mas de uma coisa eu tenho certeza: eu amo escrever.
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*O texto entre aspas é fragmento do diário da escritora francesa, Anaïs Nin (1903 -1977), radicada na América do Norte, traduzido do espanhol para o português por Carlos Alberto Pereira dos Santos.
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