COMENTÁRIO A RESPEITO DE JOHN
Hoje peguei um táxi; e o taxista, um sujeito bonachão com o cabelo pintado de acaju, estava disposto a me dar uma lição moral. Ele falava do desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro; da competição acirrada, dos patrocínios que às vezes levam as Escolas a abordarem temas absurdos, da apuração, dos prêmios, enfim, falava e falava… E eu, que entendo de samba como entendo de futebol, fiquei perdido no meio de tanta informação. Confesso que o palavrório do taxista me deixou com taquicardia. Ser nerd nessas horas é desconcertante… Se fosse para falar de física quântica, vá lá… Agora, desfile de Escola de Samba?! O que eu sei sobre isso? Gosto de boa música, e quando os meus ouvidos são invadidos pela poesia do Cartola, ou pela vozeirão do Jamelão, é como se eu estivesse na presença de anjos-cantores. Todavia, falar sobre esta ou aquela Escola de Samba, isso eu não consigo. Gosto do espetáculo, da escala de cores, dos carros alegóricos, do traço acadêmico, do virtuosismo dos ritmistas, do corpo escultural das rainhas de bateria, da beleza das passistas, do povo cantando. Sou um turista confesso. Um estranho no quintal de casa. Mesmo que fosse marciano, e vivesse em Marte, ainda assim me comportaria como um extraterrestre. Mas voltemos ao meu diálogo com o taxista… diálogo este, que só ele falava; e eu, concordava com a cabeça… Em certo momento, ele disse-me assim:
— A Mangueira é a melhor Escola de Samba do Rio. Mas como sofre a bichinha… O ano passado ela levou para a Marquês de Sapucaí um desfile lindo. E a ‘paradona’, o que foi aquilo?! Um luxo! E ela ganhou?! Não. Os jurados não entenderam o que todos entenderam. Muita injustiça o que fazem com a Mangueira… eu não entendo. Este ano ela veio com duas baterias. Um primor! Ganhou?! Não. Nem ficar entre as campeãs ela ficou… Um desrespeito… eu não entendo.
— Mas e a Unidos da Tijuca? Estava linda, não?
—Modismo, meu caro. Apenas modismo. Tradição é tradição… Só não fiquei mais triste com o disparate que foi a apuração, porque a Vila Isabel ganhou. E eu gosto do Martinho da Vila.
—Entendo… E o que acontece quando o resultado não é o que a gente espera?
— A gente respira fundo, se enche de esperança, e começa tudo de novo. É isso que o pobre faz… trabalha.
Gostei da resposta. Eu que sou pobre de berço; respiro fundo, me encho de esperança, e começo do zero: todos os dias.
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