I KNOW WHERE I’VE BEEN
I know where she's been:
Ela era azul, de um azul
tão azul, que a sua pele de tão azul; nem parecia azul, de tão azul que era. Alguns achavam-na estranha. “Uma mulher azul, ora bolas… Que coisa é essa?”. E ela nem ligava. Sabia que todos somos filhos de
Deus. “Logo, o azul é um dos muitos prodígios do Criador” — dizia. “Entre as
muitas invenções divinas, e dentre estas; suas inúmeras maravilhas, — ser azul é
uma dádiva”.
Ela era azul
da cor do mar. Azul como o céu estrelado. Azul como a Terra vista do espaço.
Tão azul, que um dia diluiu-se em uma pintura, e sumiu no meio da tela de
Panfilo Nuvolone, entre maçãs e cachos de uva n’uma fruteira de prata em cima
d’uma mesa de madeira. Ela é agora, natureza-morta.
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