Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2013

CHICO BRITO

Imagem
"A água mole cava a pedra dura". Ovídio (43 a .C.-18 d.C). A Antropologia e o homem não-parcelado: Dizem que lá pelas bandas da Ásia Meridional, às margens de um rio, há um velho deitado. Ele é um mestre da observação, um educador empírico, e ao mesmo tempo, um cientista social. Certa vez, este homem que embora não viva no mundo da lua, tem a cabeça voltada para o  mundo das ideias , chegou perto de um de seus aprendizes, e perguntou:  — O homem faz a sociedade ou a sociedade faz o homem? O aprendiz respondeu: — Não sei. Sendo assim, o mestre continuou: — Norbert Elias, sociólogo alemão, no livro “A Sociedade dos Indivíduos”, escreveu: “Sem dúvida, temos consciência, ao mesmo tempo, de que esse abismo entre os indivíduos e a sociedade não existe na realidade. Toda sociedade humana só se humaniza ao aprender a agir, falar e sentir o convívio com o outro.” Entendeu? A isso se dá o nome de ‘dialética’. Ou seja, a influência recíproca entre in

O MEU GURI

Imagem
A alteridade do Ser Social: — Bom dia, minha mãe. — Bom dia, meu filho. Dormiu bem? — Dormi. E a senhora? — Dormi feito um anjo… Escovou os dentes? — Escovei, sim. — Então vai tomar café. Tem aquele bolo que você gosta. — De fubá?! — Não é desse que você gosta?! — É… — Então… vai tomar café, vai… Toma leite, pão, banana, maçã… o café da manhã é a refeição mais importante do dia. Come direitinho… Depois lava as mãos, escova os dentes, e faz a lição de casa… Suas provas começam quando? — Semana que vem… — Então estuda… quero que você seja alguém na vida… e não uma coisa qualquer… — Sim, senhora. — Está gostoso o bolo? — Delicioso, mamãe. — Come mais pão. Bebe o leite. Não esqueça a banana e a maçã… faz bem… —  Sim, senhora. — Sabe, meu filho, é muito difícil ser mãe solteira. Eu pego no seu pé, porque quero ver você na faculdade, com diploma

ILÊ! PERÓLA NEGRA (O CANTO DO NEGRO)

Imagem
O objetivo de escrever um texto como este, é de que num futuro próximo, histórias assim só possam ser vistas nas obras literárias, e não na vida real. (Carlos Alberto Pereira dos Santos)  Diagnóstico Social: O negro tem que entender que não deve nada à sociedade brasileira ou a quem quer que seja. Sem complexo de inferioridade, por favor. Foi o negro quem foi escravizado, menosprezado, tratado como coisa, lido como um ser sem alma. Foi ele quem teve o espírito arrancado da carne, e quase; dizimado, pelas mãos de um desalmado qualquer. Foram tantos séculos de maus tratos, que nem mesmo a Abolição da Escravatura, o livrou de continuar sendo tratado com abjeção. Por isso o negro tem que estudar tudo o tempo todo. Inclusive a própria história. Estudar suas origens na África, e tudo que aconteceu com seu povo, e em suma; consigo, — desde então. Isso é cidadania: buscar a própria identidade, encontrá-la, reconhecê-la, e assim que possível, reescrevê-la. Ao afro-brasile

AUTONOMIA

Imagem
Como uma folha de Anaïs Nin nas mãos de Henry Miller: A escritora francesa, Anaïs Nin, autora de “A casa do incesto”, “Inverno artificial”, “Uma espiã na casa do amor”, “Em busca de um homem sensível”, “Passarinhos”, “Fogo”, “Pequenos Pássaros”, “Henry & June”, e “Delta de Vênus”, — disse que “a única anormalidade é a incapacidade de amar”. Concordo piamente com ela. Em um de seus sete diários, escritos entre os anos 1931 e 1974, Anaïs Nin, proferiu: “Eu creio que escrevemos porque temos que criar um mundo em que possamos viver (…) Tive que criar um mundo meu, com um clima, um país, uma atmosfera em que eu pudesse respirar, reinar e recriar o que a vida destruía. (…) Também escrevemos para aumentar nossa consciência de vida. Escrevemos para atrair e encantar e consolar os outros. Escrevemos para levar uma serenata aos nossos amantes. Escrevemos para saborear a vida duas vezes, no momento e na retrospectiva. Escrevemos como Proust, para que tudo seja eterno, e para persu

VAI PASSAR

Imagem
O mal do século ou a ditadura da palavra: Na sociedade contemporânea muito se fala sobre tolerância. No dicionário a definição de tolerar é a seguinte: v.t. Aceitar com indulgência: tolerar alguém em sua casa. Permitir tacitamente; não impedir: tolerar abusos. Suportar: seu organismo não tolerou a sulfa. A definição de tolerância é praticamente a mesma:  s.f. Disposição de admitir, nos outros, modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos: na vida social, a virtude mais útil é a tolerância. Favor feito a alguém em determinadas circunstâncias: isto não é um direito, é uma tolerância. Propriedade do organismo de aceitar, sem dano, certas substâncias: a tolerância aos barbitúricos difere em cada paciente. Excesso ou insuficiência de dimensão ou de peso admitidos na fabricação de qualquer coisa: a tolerância nas moedas é mínima. Casa de tolerância, prostíbulo. Tolerância imunológica, imunotolerância. Sendo assim, tolerar tem o mesmo peso qu

RINDO À TOA

Imagem
Stand-up comedy: O que a lata de Guaraná Antarctica disse para a lata de Pepsi? — Calma aí… você não é essa Coca-Cola toda! CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com RINDO À TOA™ © copyright by betto barquinn 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

IT’S A LONG WAY

Imagem
Clarice Lispector, em sua coluna no Jornal do Brasil de 20 de dezembro de 1969, escreveu o seguinte: Entre aspas Quando mexo em papéis antigos, isto significa exteriormente alguma poeira, e interiormente raiva de mim mesma: porque, nunca me convencendo de que tenho má memória, copio entre aspas frases ou textos e depois, passado um tempo, como não anotei, pensando que não esqueceria, o nome dos autores, já não sei quem os disse. Por exemplo: “Vemos que aqui na terra os opostos se misturam, que um valor positivo se compra ao preço de um valor negativo. E, talvez, a experiência metafísica a mais profunda — a que vem quando o ser toma consciência do absoluto, o que lhe dá um estremecimento sagrado e deixa-o entrever a felicidade, aquela que lhe permite o acesso ao sobrenatural — talvez essa experiência só seja possível quando a alma está tão deslocada que não lhe é mais possível reerguer-se de sua ruína.” “O que parece incoerente à fria análise pode às vezes estar carregado de sentido par

PRECISO DO TEU SORRISO

Imagem
Macaréu: Eu sou um colchão sem estopa, pássaro sem ninho, o solitário que cansou de ser sozinho. Eu sou a mão que balança o berço, o dedo que percorre o terço, o ringtone do celular. Eu sou a baguete debaixo do braço, a pedra do caminho, o espinho da coroa e a coroa de espinho. Na Santa Ceia, eu sou o pão; você, o vinho. Juntos somos um oceano sem fim. Eu, o Atlântico. Você, o rio que deságua em mim.   CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com PRECISO DO TEU SORRISO™ © copyright by betto barquinn 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

O PATO

Imagem
Depenando patos: Ele vivia de pequenos golpes. As suas vítimas eram chamadas de “pato”. Havia um pato que sempre caía nas suas ciladas. Era um jovem sonhador que acreditava em tudo que ele dizia. Um dia comprou dele o Pão de Açúcar. Em outro, a Torre Eiffel. Mas essa história durou pouco. Termina aqui: Ainda agora ele se arrependeu e exigiu tudo de volta. O pato, esperto, devolveu. Mas cobrou mil vezes o que tinha pago. Resultado: ficou rico.            CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com O PATO™ © copyright by betto barquinn 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

O PEQUENO BURGUÊS

Imagem
University of Life: Certa feita, conversei com um assistente social, que é licenciado em Antropologia Social, pós-graduado em Psicologia, com mestrado em Ciências Sociais, doutorado em Filosofia, e Ph.D. em Pedagogia. Diante de tamanha sabedoria, exclamei: — Nossa! O senhor não é pouca porcaria, não! Imediatamente o philosophiæ doctor  redarguiu: — Verdade … eu sou um balde cheio! CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com O PEQUENO BURGUÊS™ © copyright by betto barquinn 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN

MAN IN THE MIRROR

Imagem
Qui êtes-vous? Um dia desses comentei com a imagem que sempre vejo no espelho: — Engraçado… tenho notado que onde eu tô; tu tá, onde tu tá; tô eu. Isso é normal? Eis que a imagem no espelho respondeu: — Sabe que eu tenho a mesma impressão… Só que comigo acontece o contrário: onde tu tá; eu tô, onde eu tô; tá tu. Isso é normal?! CONTACT BETTO BARQUINN: curtacontos@hotmail.com MAN IN THE MIRROR™ © copyright by betto barquinn 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY BETTO BARQUINN