LOVIN’ YOU, BABY
Nas minhas andanças por Paris, tenho visitado lugares muito interessantes. Ontem conheci uma vinícola nos arredores da Sorbonne. Lindo o lugar. Eles fabricam vinho desde 1915. A proprietária, uma velhinha extremamente doce, mostrou-me as instalações da fábrica, contou-me sua história, revelou-me alguns segredos sobre a fabricação do prosecco (especialidade da família), e até trovou uma canção típica, que a matriarca cantarolava ao embalar os netos durante a Segunda Guerra. A matriarca, italiana de Veneto, trouxe as uvas brancas quando mudou-se para a França, produzindo aqui, o cultivo em larga escala. O vinho branco espumante que eles fabricam é maravilhoso. Ela confidenciou-me que o avô também era italiano, e nascera numa vila de Valdobbiadene. Mais tarde mudara-se para Conegliano, onde conhecera a esposa, e durante os horrores da Primeira Guerra, partiram para Paris, de onde jamais saíram. É uma linda história de amor, emoldurada por uma vontade tão grande de viver, que culminou nessa velhinha doce, que agora fala coisas deliciosas a minha frente. Como trago em minhas viagens meu fiel escudeiro, meu querido iPad, tenho a possibilidade de anotar, fotografar, filmar, eternizar esses momentos dígnos de uma fita de Claude Chabrol. Obviamente essas lembranças sempre acompanhar-me-ão aonde quer que eu vá, seja na mente ou na alma, contudo o fato de poder rever é reconfortante.
Amanhã vou à capela da Sorbonne, agradecer à Santa Úrsula, por ter me proporcionado uma viagem inesquecível. Em duas ou três semanas volto para Madrid, e Paris, só no ano que vem.
– Au revoir, Mme Stéphane!
– A bientôt, mon petit.
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