I LOOK TO YOU






A tristeza é sentimento assustador. Ela arrasta-nos para um buraco na alma, onde o vazio aos poucos, mata a gente. É um labirinto sem fim. Quem vai por esse caminho, e não encontra forças para sair de lá, acaba esfarelando-se. O diagnóstico nem sempre é fácil. Ainda mais quando se é o centro das atenções. Admitir-se cortado ao meio, com a alma em frangalhos, desperta pena. E quem está com o espírito pela metade: precisa de ajuda. Julgar é fácil. Achar que o outro tem tudo, e por isso mesmo não teria porque imolar-se, só atrapalha. O ser humano é frágil. O ser humano precisa de carinho. Mas às vezes o abraço não vem. Às vezes a atenção não chega. Às vezes a mão amiga está perto, mas não sabemos agarrá-la, como um náufrago à sua prancha. Na maioria das vezes somos o carrasco e o juíz de nós mesmos. Quando não entendemos isso, deixamo-nos escoar pelo ralo, indo parar no esgoto. Tenho uma amiga que diz que quem quer colo, precisa pedir. Só que nem sempre sabemos pedir. A depressão leva-nos a isso. As drogas e o álcool também. Todo vício é um pedido de socorro. Ninguém em sã consciência é capaz de matar-se aos poucos sem perceber. Acontece que um dia a alegria deixa-nos. Como uma tarde de sol nas ilhas gregas.  Como um domingo no parque. Como uma festa de reveillon. A alegria vai embora sem dizer adeus. Aí ficamos com um nó na garganta, a sensibilidade à flor da pele, uma baita dor de cabeça, e um cheque em branco nas mãos. Alguém tem que pagar a conta. A fatura sempre chega no seu vencimento. Entretanto, o destinatário às vezes só pode pagar com a própria vida. A gente é assim: um dia está bem, no outro está péssimo. Por isso temos que acreditar em alguma coisa. Pensar que algo maior pode nos proteger de nós mesmos: salva as nossas vidas. Pode ser o desejo de realizar um sonho. Pode ser a capacidade de virar camaleão e dar a volta por cima. Pode ser em nome de um filho. Pode ser por causa do amor. Pode ser por qualquer coisa. Contudo, se não acreditarmos em nós mesmos, a receita desanda, o bolo sola, e quem fica a ver navios somos nós.
     
Tristeza é algo assaz voraz. Whitney Houston, do alto dos seus 48 anos, morreu afogada em si mesma. A banheira foi só o ponto geográfico. O lugar pouco importa numa hora dessas. Muito menos os prêmios. Tão pouco o que deixamos para trás. A tristeza mata, enfim. E isso me apavora.  





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