SOMEDAY AT CHRISTMAS
Pertinho do céu:
— Mamãe, estou com calor.
— Dorme, minha filha. Abri a janela. Daqui a pouco refresca.
— Mamãe, estou com fome.
— Reza, pedacinho do céu. A fé alimenta.
— Mamãe, tem pão?
— Não, minha querida. O pão acabou. Tem fubá. Quer que eu faça um pirão com um pouco d’água.
— Quero, mamãe!
Minutos depois…
— Pronto, minha estrelinha dourada. Aqui está.
— Não tem gosto de nada, mamãe.
— Come, meu amor. É insípido, mas alimenta.
— Mamãe, e a senhora, não vai comer?
— Não, minha flor de mandacaru. O que tem não é suficiente para nós duas. Pode comer… a mamãe vai rezar para espantar a fome.
— Mamãe, por que a vida da gente é assim?
— Meu encanto… dorme.
— Está chorando, mamãe?
— Não, minha linda. Caiu um sisco no olho da mamãe.
— Posso perguntar uma coisa, mãe?
— Fica à vontade, meu tesouro. O que você quer saber?
— No céu tem pão?
A mãe não respondeu. Era natal e ela queria morrer em paz.
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