REVELAÇÃO
Eu tentei escrever textos grandes para espíritos pequenos, porque para eles os textos grandes eram pequenos demais. Este mundo é grande, mas às vezes é pequeno, e entre o pequeno e o grande, entre o oceano e o grão de areia, existe um buraco enorme entre mim e o vazio interior. Tentei tocar agogô. Tentei saber de cinema. Fiz até um filme mudo. Compus um poema, que virou uma música em lá menor. Eu acho que preciso de Clarice Lispector. Shakespeare não tem me dado o que eu queria. Ontem apelei para Goethe, mas ele não me disse nada. Fui procurar Dostoiéviski, mas a porta estava trancada. Bati na janela fechada, Molière fez que não me ouviu. Aí mandei-lhe para aquele lugar. Disse que fosse procurar a quem lhe pariu. Tenho padecido de fome e de frio. Tenho me descuidado do medo e da solidão. Deixei a porta entreaberta e fui assaltado. E já que só fecho a porta depois de roubado, engoli a chave do meu coração.
Fiz bolo de café com gengibre, arrumei a casa, pus até um CD para tocar. Passei a noite acordado, mas Clarice não veio.
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