COISAS QUE EU SEI


Eu sei que a vida anda louca. Mas a vida que vivemos, somos nós que fazemos.

A gente nasce com  o objetivo de mudar o mundo. Todo ser humano, mesmo sem saber, tem como missão fazer do mundo um lugar melhor. E a gente se esforça, mesmo a trancos e barrancos, para ser essa pessoa melhor que o mundo espera de nós. Às vezes enfiamos os pés pelas mãos e nos machucamos. Ou pior, machucamos o outro. Em outras, acertamos aqui e ali, mas estamos tão ocupados, e preocupados, em continuar acertando, que acabamos errando. Faz parte. Dizem que errar é humano, não é mesmo? Por isso algo em mim verbaliza: “Relaxa”. Porque tem que relaxar mesmo. Com a cabeça quente, a alma amuada e o corpo em frangalhos, não se resolve nada.

Um dia alguém me disse que problema é feito para ser resolvido. Do mesmo modo é a doença. Minha mãe sempre diz: “Doença não dá em poste”. Lembro-me de um cartaz que havia na sala do meu chefe, no primeiro lugar em que trabalhei. O cartaz perguntava: “Você faz parte do problema ou da solução?” E em silêncio, eu rezava: “Meu Deus, não quero ser um problema. Por favor, faça de mim solução”. Há uma outra citação, do cristianismo, que diz que “Deus só dá a cruz que a gente possa carregar”. Edificante! Lembrei-me de outra: “Deus dá o frio conforme o cobertor”. Ou seja, há coisa que é feita para ser vivida. Não dá para transferir para o outro, fingir que não existe, viver um faz-de-conta. 

Falando em conta, essa é uma daquelas que todo mês tem seu vencimento, se não pagar eles cortam a luz, o gás, a internet, o telefone… É para ser vivida também. Às vezes viver é dorido. Em outras é doloroso. Parece a mesma coisa, não é? Mas não… Dorido é aquilo em que há dor. Doloroso é dor que não passa; sofrimento, aflição. Tem gente que é má, tem gente que é psicopata, tem gente que é terrorista, tem gente que chuta cachorro morto, tem gente que abandona a família, tem gente que diz aquilo que a gente não merece ouvir: e magoa, entristece, aborrece. Faz parte daquilo com que a gente se acostuma, mas que não devia se acostumar. O que a gente não pode fazer é se auto-sabotar: muito menos sabotar o outro! Ninguém deve achar que é um zero à esquerda, acreditar que viver é um problema, esquecer do sorriso do rosto, andar cabisbaixo, carrancudo, de mau com o mundo. Até porque viver não é isso. Pois viver é uma benção. Imagina o trabalho que Deus teve para fazer tudo isso? A gente mora em um planeta que tem sol, água potável, mar azul, animais que andam, que se arrastam, que voam, que nadam. A gente tem pôr-do-sol e nascer da lua: e ainda tem universo, eternidade e infinito. Quer coisa mais linda que isso? E a gente tem muito mais: árvore, rio, parque, floresta, gato, cachorro, rinoceronte, passarinho, tigre, leão, onça, leopardo, lobo, pinguim, coelho, camelo, hipopótamo, baleia, jacaré, golfinho, cobra, elefante, canguru, macaco, bicho-preguiça, porco, vaca, iguana, calopsita, cavalo, zebra, galinha, girafa. A lista é enorme! E se já não fosse suficiente viver em um planeta tão cheio de vida, a gente ainda recebe como bônus: pai, mãe, esposa, marido, filhos, amigos… Ou seja, a gente tem tudo para ser feliz: e é feliz à beça! É só parar de reclamar, erguer a cabeça, olhar para os lados, pedir a Deus para que nos permita ser gente de verdade: com maturidade, sabedoria, amor, solidariedade, saúde espiritual, cidadania, lealdade. Agindo assim viver é um mar de rosas. E olha que não estou sendo utópico ou idealizando um mundo cor-de-rosa! Estou sendo sincero, verdadeiro, realista. Porque há coisa na vida que dá para fazer. Quer ver? Dá para ser educado, dá para dizer por favor”, obrigado”, “bom dia”, boa tarde”, boa noite”, dá para perdoar inclusive aquele que mais nos fez mal, dá para não jogar lixo na rua, dá para escrever um livro, dá para plantar uma árvore, dá para sorrir, dá para oferecer um conselho a alguém que a gente ama, dá para cuidar de quem cuida da gente, dá para visitar um hospital (asilo, orfanato, presídio, manicômio), dá para ajudar um morador de rua, dá para arrumar um emprego ou custear os estudos de alguém, dá para dar um teto a um sem-teto, dá para ser voluntário em uma ONG, dá para auxiliar alguém à crescer na vida, dá para adotar uma criança, dá para ensinar um adulto a ler e escrever, dá para voltar a estudar depois dos quarenta anos, dá para batizar um bebê, dá para pegar um cachorro ou um gato vira-lata em um abrigo (ou na rua), dá para casar, dá para dar um irmãozinho para aquele primeiro filho (o que foi adotado), dá para caminhar na praia, dá para dizer “eu te amo”… Ih, na vida dá para fazer muita coisa! Boa, é claro. Às vezes eu acho que a gente perde muito tempo chorando pelo leito derramado: e o resto da vida tentando consertar as burradas que faz. Eu digo isso por experiência própria. Não há no mundo quem faça mais burrada que eu. Nisso sou PhD!

A gente vive em uma sociedade sitiada. O capitalismo faz isso com a gente: faz gente ter medo de gente. Uma pena. No fundo somos todos iguais. E mesmo que haja uma diferença lá, e outra acolá, não há nada em nós que nos distancie. Desde que descobri na infância, que todo mundo tem dor de barriga, me convenci que somos todos iguais. Mesmo vivendo em um mundo onde há guerra, preconceito, racismo, desigualdade social, inveja, intolerância, fome, miséria, mentira, covardia, corrupção, demência e fanatismo, eu amo o planeta Terra.

Sim, eu sei que a vida anda louca. Mas a vida que vivemos, somos nós que fazemos.


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