O FEITICEIRO

- outubro 06, 2010

Se não souberes o que falar; beba água. E se ainda sentires sede; faça silêncio. Não fale nada.

Um homem comum, com sentimentos comuns, como todos os outros... homens. Assim era o Feiticeiro. Bebia água ao invés de mágoas. Era livre como um pássaro. E o seu destino era o mundo; tendo o céu como estrada. Viajava com o que tinha. Quase nada. Mas tinha tanta esperança, que dizia que se tivesse dinheiro, não seria tão livre. Nada e ninguém prendia-no por muito tempo. Ontem estava lá. Hoje, aqui. Amanhã, tão longe, que eram necessários muitos mapas para encontrá-lo.

O Feiticeiro era um homem sem alma. E essa busca d'alma, levava-o a voar, sem tirar os pés do chão. Para ele o Planeta Terra simbolizava a herança de Deus. E não comprendia o sentido de tanto maniqueísmo, e a inércia, que via nos olhos da humanidade. Permanecia calado por meses, tentando falar consigo mesmo, para mostrar à alma perdida, que ele ainda estava a sua procura. E que só ao seu lado; ele poderia descansar. Deus escreve certo, na hora certa, no momento certo – aquilo que só a alma pode ler.

Somos velhos demais para nos comportarmos como crianças. E somos tolos o bastante para não enxergarmos a felicidade no nosso interior. Aquela história de imagem e semelhança divina, serve como moldura para a afirmação: Somos infinitos porque Deus é eterno. E serve também como pano de fundo para outra constatação: Só quem perde a alma pode ouvir e não falar. Pode voar sem sair do lugar. Pode parar no ar e caminhar nas nuvens. Quem perde a alma aprende a dar valor ao sentido da vida: O Deus que há em mim saúda o Deus que há em você.

A busca do Feiticeiro e a fala interior. A lágrima mais profunda é aquela que faz chorar a alma. Então aprenda a dar as mão aos que precisam. E aprenda logo. Dê um pouco de si para o próximo e para si mesmo. Não permita-se vagar por aí e passar a vida toda como um sonho perdido. Não vá por labirintos porque você pode se perder. Mas se for, encontre a saída e vença as intempéries do acaso. Pois nada lhe impede de ser vitorioso. Ao nascer, recebestes um bloco em branco para escreveres a sua história. Não perca o “feeling”, deixando-se levar pelo talento de algum “Ghost Writer”. Podes muito mais; pois és o destino. Essas foram as palavras... E tocaram o feiticeiro com dedos tão quentes, que a sua face avermelhou-se de vergonha.

Ao reencontrar a alma, o Feiticeiro percebeu-se ainda mais livre. Porque ela esteve lá todo o tempo. Mas decidiu deixá-lo pensar que partira, para que ele experimentasse ser só, sem viver na solidão.

O silêncio continuou no copo d'água, esperando o tempo certo para voltar a se encantar com as palavras. E a mensagem não poderia ter sido mais clara: Se você pular; eu pulo! Assim, pegou a paz, e colocou a esperança no bolso. Aprendeu a sabedoria dos pobres e sentou-se à mesa dos ricos – para ensinar-lhes a viver com magia, através da solidariedade. Na vida nada é fácil – pensou. Mas difícil mesmo é ver tanta gente na miséria e não fazer nada. Quem resgata a alma aprende a dar valor ao sentido da vida: O Deus que há em mim abençoa o Deus que há em você.