A ERVA DO BEIJO





Quando o Anjo apareceu em sua vida, usou o hipotético e apresentou-se como Emanuel. Transformou o seu coração numa secessão de dias felizes. E abriu-lhe as asas, para com ela voar. Quando tocaram-se, não fizeram amor, fizeram carinho. O suor descendo pelo canto da boca. O Anjo arrepiado de nudez e virgindade. O talento inspirando um mundo de costas para o céu – como nuvens brancas de algodão.



Tinham frases loucas guardadas debaixo da língua. E muita esperança em sacos de confete. Co-habitavam dois mundos e trocavam sonhos. Ela tinha vindo do céu para cumprir sua Lenda Pessoal: Apaixonar-se. E descobriu um anjo terrestre, que de anjo, não tinha nada. Era meigo, gentil e condescendente. Mas sorria com os olhos. E estes, diziam tantas inverdades, que era impossível desacreditar. Ele era o seu grande amor. E para ela, que de santa não tinha nada, o amor não expunha outro significado – senão amar.



O Anjo contou-lhe sobre a Lenda da Erva do Beijo, que segundo às Escrituras da Grécia Pré-Helênica, foi criada por Zeus, para que florescesse na alma dos povos, e os fizesse amar. Então, do bolso esquerdo da sua calça de penas, tirou um ramo verde da Erva, disse a santa que a guardasse perto do seu coração, e que vivesse a Lenda. Logo após beijaram-se. E foi por tanto tempo, que quando abriram os olhos, havia se passado um século. O erotismo tornou-se imaculado. E fizeram amor – ao invés de carinho.




'Você busca ansiedade em todos os átomos. E eu fico parado – um anti-tato celular. Temos tanto amor para sentir e a emoção guardada em potes de sorvete. Por isso tenho medo. Medo de não merecer ocupar o espaço do teu peito e dividir contigo a minha existência. Toda a eternidade é muito pouco quando se quer mais. Se esticar fosse possível, queria te amar em espirais, em curvas, em montes...' Então o Anjo calou-se, respirou profundamente, pensou, e recomeçou a falar: 'Se preciso for, irei com você para o céu, já que vieste à Terra para me encontrar. Serei o seu Anjo da Guarda – para que jamais nos separemos. Moraremos no céu ou aqui na Terra. Não importa o lugar. Não importa aonde – desde que estejamos juntos – e que seja para sempre'.




O amor que é capaz de furar o tempo; tornar-se-á latente. Capaz de transcender à velocidade da luz e superar limites. Acredito em corações unidos por uma força tão avassaladora, com um rufar tão uníssono, que pode ser ouvido à distância – desde o princípio – até o fim dos tempos. Porque sentimentos são imateriais. E esta é a nossa história.

Para sempre é muito distante. Nunca mais também.




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A ERVA DO BEIJO© copyright by betto barquinn 2010
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Comentários

  1. Betto querido, a qualidade dos seus textos é evidente. Você é um escritor respeitável e um artista genuíno, porque imprime qualidade em tudo que faz. Nesse seu conto isso fica nítido como água cristalina. Esse blog é de uma doçura, de um lirismo, de uma generosidade encantadores. Um ator brilhante como você, só poderia ser mesmo esse escritor sensível, que presta atenção nas adjacências da gente. Desejo a você meu lindo, todas as felicidades do mundo. As mesmas que fazem de nós, seus leitores, seres humanos melhores. Deus te abençoe, amado. Beijos!

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