BIRTHDAY CAKE


Chegou a hora de apagar a ‘velhinha’:

Hoje completo oitenta anos de idade. E ao longo de toda a minha biografia, confesso que jamais imaginei que pudesse viver tanto. Não que me sinta velho. Não, não. Longevo, talvez. Macróbio, anoso, provecto, vetusto; nunca. Longe de mim achar que vivi tudo o que tinha para viver… Pois sei que não vivi. Ainda tenho que plantar muitas árvores, escrever iguais livros, quiçá ter mais um ou dois filhos: experimentar, reciclar. Sou o velho lobo do mar, que embora saiba nadar, não ousa sequer botar os pés no oceano. Em matéria de aventura, sou um blefe. O mais perto que cheguei da natureza; desta que tem floresta e bicho, foi quando assisti um documentário no Discovery Channel sobre a Amazônia.

Hoje parece-me que meus oitenta anos passaram com a velocidade de um flash. Logo eu, octogenário! Fazer oitenta não é diferente de completar cinquenta ou vinte e cinco. Visto que, por mais que se viva, sempre parece que foi ontem. Tirando uma dor aqui e outra ali, sem contar a perda de memória e a vista cansada, o resto é igual. É claro que cada vez tem menos gente para cantar parabéns e ver o aniversariante cortar o bolo. Do pessoal das antigas, quem ainda não morreu está em vias de, ou se equilibra em uma corda bamba esperando a morte chegar. Salvo alguns desatentos como eu, que insistem em multiplicar os anos, como se a morte fosse uma utopia. Mas que velho tolo sou eu… Falar em morte no dia do próprio aniversário é no mínimo uma atitude de mau gosto. Por isso, retomando o mote de nossa prosa, prometo que vou me esforçar para viver até meus netos saírem da faculdade, se casarem, e me darem bisnetos. Aí sim, descanso em paz. Até lá, que venham os noventa, cem, duzentos anos; já que há muito o que ser, apreender e comemorar. Um brinde à vida! 


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