THE VERY THOUGHT OF YOU
Healthy days:
Eu acredito em milagre. No portento da vida. Acredito até no
prodígio deste instante. Pois algo em mim me diz que nada acontece por acaso.
Eu amo as pessoas e amo o mundo em que vivo. Mesmo com guerra, impostura,
antepaixão. Acredito que as coisas possam mudar; digo, para melhor. Eu poderia
dizer que amo os que me amam. Entretanto, permito-me apreciar os que me
detestam. Não há lugar em mim para o que não seja benquerença. O bem-querer
seria o amor dilucidado, se o amor tivesse elucidação. Por isso vivo cada dia
como se fosse definitivo. Amanhã eu vejo o que fazer com minha admoestação. O
importante é viver o hoje e ir aparando as arestas à medida que o tempo passa.
Sou global. Trago o universo dentro de mim. A estrada é meu caminho. O encontro
com o outro, minha meta. É no diverso que vejo o nirvana. O que seria de nós
sem as nossas diferenças? Nada. Eu preciso de todos o tempo todo. Até para
tomar um copo d’água. Pois tem gente que morre por falta de alguém que lhe
traga um copo d’água. Nessa hora dinheiro não é nada. Há gente que fenece por
falta de afeto, sabe. Tem tudo na vida e ao mesmo tempo não tem nada. Dinheiro
não substitui as pessoas, entende. Para ser feliz o ser humano precisa de muito
mais do que isso. Haveres são bons, é verdade. Quem não gostaria de ter uma
conta bancária milionária? Mas se o que se nos apresenta é só isso; forjamos
atalhos, contrafazemos o caminho, saímos da autopista. Ou seja, fizemos
escolhas arremedadas. Não sou perfeito, eu sei. Longe disso. Até porque não
quero estar pronto. Não agora. Não nesta vida. Sou um prédio em construção. E
ainda me faltam vigas de concreto armado. Sou um ser abstrato tentando enxerga-se
no espelho. Às vezes sou o que vejo. Em outras, apenas o reflexo de mim mesmo.
Sinto-me profundamente responsável por tudo que toco. Sei que aqui nada de fato me pertence. Tudo me é dado por
empréstimo. Então se pego, devolvo. Se amo, me doo. Se erram comigo, perdoo.
Se não faço o que é certo, peço remissão. Amar é fácil, acredite. O amor é Chagall, que pintalga mulher flutuando como pipa no ar. O amor é Diane Schuur, que enxerga o mundo com os olhos d’ alma. Amar é como olhar
para si próprio e ver que há luz no fim do túnel. Sempre há. Uma coisa que
aprendi com a vida é que sempre haverá uma segunda chance para aqueles que
amam. Toda lagarta é predestinada a ser borboleta, percebe. À vista disso, todo
indivíduo é bem-aventurado. Pode durar uma eternidade, a procura da ventura. No entanto,
quando menos esperamos, lá está a felicidade batendo-nos à porta. Sim, eu acredito
na dádiva. Somos fruto do inexplicável. E a prova disso é que a vida brota
todos os dias sem que precisemos saber de onde vem. A vida existe e ponto.
Como o bicho-da-seda, destinado a ser mariposa, a vida é.
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THE VERY THOUGHT OF YOU™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2014
TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS
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Betto, os seus textos são incríveis! Parabéns por ser este escritor que transborda talento por toda a alma. Texto inteligente, atual, bárbaro! Sucesso, cara. Você merece todas as felicidades do mundo!
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