O FUTEBOL
Things that only happen
in football country:
Ele não gostava de futebol. Achava entediante
ver um bando de homem correndo de um lado para o outro do campo. Pouco lhe
interessava o que era “caneta”, “estar na banheira”, “cavar uma falta”,
“artilheiro”, “frangueiro”, “frango”, “arqueiro”, “foguete ou torpedo”, “a bola
entrou onde a coruja faz o ninho”, “chute de bicicleta”, “bandeirinha”, “juiz”,
“chapéu”, “catimba”, “volante”, “carrinho”, “craque” ou “tapetão”. Mas era jogo
do Brasil em época de Copa do Mundo. E esta, a tal da Copa, era no país do
futebol. Então como não seguir com a maioria? Embora concordasse com a
expressão de Nelson Rodrigues, que diz que “toda unanimidade é burra”, — deixou a dialética de lado, e resolveu pensar como todo mundo. Era
homem de escuta qualificada. Gostava de passar horas inteiras esticando ideias.
Entretanto, aquele era o momento de ir a favor do vento (e não contra a maré).
Para tal, deixou o ‘cérebro de molho’, e resolveu “pensar” com o coração.
Análogo ao mundo a sua volta, decorou a casa de verde e amarelo, pendurou a
bandeira do Brasil no parapeito da janela, mercou corneta, comprou a camisa
oficial da seleção brasileira, reforçou a letra do Hino Nacional (para não fazer
feio nas arquibancadas da vida) e foi ao estádio de futebol fazer bonito. O
jogo era em casa, a nação estava em polvorosa, estrangeiros a dar com pau, muita
gente diferente; todos movidos por aquela imensa vontade de soltar o grito da garganta:
Gooooooooooooooool! Posto isto (ou, dado o grito), reviu seus conceitos:
“Futebol não é um bicho de sete cabeças”, — pensou. “Futebol é quebra de paradigmas!”.
Aproveitou o festejo para ensinar ao filho o que é viver
em comunidade; meandros e nuances da diversidade humana, a importância de jogar o lixo no lixo, que quando milhões de
pessoas se juntam em prol de um objetivo comum deve-se agir com bom senso, que
o Estádio do Maracanã é parte da história, que sempre se pode fazer do mundo um
lugar melhor, que esporte é vida, que tanto o futebol quanto a sociedade em que
vivemos têm regras à serem cumpridas, etc etc. Ele era um bom pai. E apesar de
gostar mais de livros do que de homens, descobriu que há coisas na vida que
independem de nós. Aliás, o mundo não precisa de nada além de si mesmo para
existir.
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TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS
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Extraordinário, Betto Barquinn! A cada novo texto a sua arte se renova e você se supera. Você é um homem formidável. Parabéns, amado! Você escreve lindamente!
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