LINDA MORENA
Blue Hill:
Pois no sertão havia um lugar onde o céu azul era mais azul. E lá, naquela casa simples, ela
que de seu não tinha nada, ficava a observar as estrelas cadentes. Havia uma
simplicidade naquela mulher. Uma simpleza tão grande que era quase nada. Às vezes o céu azul era tão iluminado,
que deixava-a tonta. Nesses momentos, regurgitava. Em nem um lugar da cidade o céu era de um azul tão
azul. Mas naquela casa era de um azulado estelar. Em nenhuma palheta de cores
havia um azul daquela cor. Coisa que, à vista disso, nenhum artista seria capaz
de pintar. Nem se misturasse o ciano com o magenta. Nem se carregasse na tinta.
Nem se pusesse mais ciano do que magenta. Nem o magenta a mais que o ciano. Naquela
casa azulada, que por ser aclarada por um azul cobalto que de tão azul nem parecia
azul, havia paz e sossego. E também chamego. Pois ela, a tal mulher que de
material não tinha nada para chamar de seu, possuía em si muitas coisas. Havia
nela calor, clamor, destemor, primor e senso de humor. Por isso ria. Ria de si
mesma e para si mesma. Ria porque chovia. Ria quando fazia amor. Consequentemente,
viver para ela era um happening. Mesmo morando tão mal que só de ver se passa
mal. Mesmo sabendo que a vida não é nenhum mar de rosas e nem o mundo é cor de
rosa. Mesmo comendo o pão que o diabo amassou. Ela sabia que nada no universo é
inalterável. Aquilo que hoje é, amanhã pode deixar de ser. E era nisso que ela
se agarrava. Como um náufrago à uma prancha. Como o condenada à esperança. Como
um barquinho de papel ao espelho d’água. Como folha seca à frugalidade. Como
uma mulher que, por ter um céu todo seu, sabe que em época de seca, qualquer
gota d’água é manancial sobre a terra.
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