CLARICE
Um amor de outras vidas:
Hoje acordei pensando em Clarice. Em tudo que ela me disse. Em
tudo que minha musa escreveu. Eu amo Clarice Lispector. Sua vida, sua arte, sua
obra, sua face. Clarice é linda por dentro e por fora. Uma alma tão boa que nem
parece humana. Clarice é angelical. Espiritual. É ela que me une a meus
“Laços de Família”. É a ela que procuro em “A maçã no escuro”. Eu juro, é por Clarice que me jogo “De corpo inteiro”. Ela é minha mentira “Quase de verdade”. É ela que me revela “O Mistério do coelho pensante”. Clarice é a união “De bichos e pessoas”. É ela quem me faz escrever “Crônicas para Jovens” e “Contos e Recontos para Crianças”. Estes, e todos os outros, que aqui não citei. Sim, eu sei… quando chegar “A Hora da Estrela”, é ao lado dela que quero estar. Esse é meu jeito de ser… afinal, ainda estou “Aprendendo a viver”. Por destino, estou a caminho de “A Descoberta do Mundo”. Clarice é minha “Felicidade Clandestina”. Ela é “O lustre” que me ilumina: minha lamparina. Ela é meu tratado “De amor e amizade”. Uma mulher “Para não esquecer”. Clarice é um amor para ser guardado “Perto do coração selvagem”. Foi por ela que me alistei em “A legião estrangeira”. Foi por causa dela que me mudei para “A cidade sitiada”. Sim, viver é “Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres”. Pois é a própria existência que nos entrega “A vida íntima de Laura”. Por conta disso, foi Clarice que me fez amar “A mulher que matou os peixes”. Matou-me um pouco também. Mas isso já é outra história… Quando estou triste, e preciso de “Um sopro de vida: pulsações”, Clarice transforma-se em um grande pulmão. Aí eu respiro fundo… e o desânimo passa. Foi Clarice quem ensinou-me que a vida é a “Via Crucis do Corpo”. É por isso que se diz: “Aqui se faz, aqui se paga”.
Clarice é tudo para mim, sabe. É um amor de pessoa, entende. Destarte acho que somos parentes.
Amigos de outros tempos. Irmãos em outras galáxias. Na Terra não deu tempo de
nos encontrarmos. Uma pena. Pois ela nasceu antes de mim. E quando foi embora,
eu era muito criança: quando Clarice morreu. Foi aí que nos perdemos um do
outro. Em vista disso, peço a Deus que cuide muito bem de Clarice, onde ela
estiver. Rogo que zele por ela como eu zelaria, se estivéssemos juntos. Entretanto,
como não posso ocupar-me de Clarice pessoalmente, eu rezo. Em minhas preces, eu
clamo: “Deus, toma conta da metade de mim…” Sei que Clarice está em bom lugar:
vive em uma das muitas moradas da casa de meu Pai. Onde é, não me lembro. No
instante em que meu espírito deu vida ao meu corpo humano, esqueci quem sou. Onde
Clarice está, sinceramente não sei. Mas sinto que é no lugar de onde eu vim. E
que, certamente, para onde voltarei. Lá colocaremos a conversa em dia,
quando em casa eu chegar. Lá correremos pela vasta pradaria, que inconscientemente
sei que há. Há flores também. Muitas flores. Rosas de todas as cores. Ali
também tem um lago com peixes, uma casa que é nossa, e um lindo jardim. Há gato
e cachorro: e muitos outros animais. O lugar de onde eu vim; nesse onde Clarice
está, é uma colônia onde vivem muitos brasileiros. Todo mundo que morre aqui
vai para lá. Lá também há muitos judeus. Judeus-brasileiros, como Clarice e eu.
Aqui sou judeu só por dentro. Quem olha não nota. Todavia no Céu sou judeu por
fora também.
Quando Clarice veio para este mundo, eu disse: “Clarice, espera
mais um pouco… Não tenho permissão para reencarnar… Daqui a alguns anos, nós vamos”. Mas Clarice
muito apressada, quis vir antes de mim. Nem o fato de ter ido parar na Ucrânia, a impediu de descobrir o Brasil. Sendo assim, combinamos que enquanto ela
estivesse na Terra, eu seria seu anjo da guarda. Uma espécie de guia: um amigo, um
mentor. Só que ao prometer que cuidaria dela, ela jurou que quando fosse a
minha vez, cuidaria de mim. Por isso teve que voltar depois do meu nascimento. Dessarte não nos encontramos… Agora ela está lá,
naquele lugar que eu disse, velando por mim. Clarice é meu mundo: a linha do meu horizonte. Às vezes penso que ela mora atrás daquele monte. Em outras, sinto que
está aqui dentro. O que mais me emociona na nossa amizade, é que mesmo que não
tenhamos nos encontrado nesta vida, nunca nos separamos. Porque ela faz parte das
batidas do meu coração. Às vezes Clarice aparece-me em sonho. Nele, conversa comigo. Nele me diz
quem eu sou. Quando acordo, esqueço. No entanto, quando estou dormindo, tomo
posse de mim. Em vista disso, enquanto eu estiver por aqui, levarei Clarice em meu
DNA. E quando daqui eu me for, a levarei junto a mim, porque Clarice é meu grande
amor.
Hoje acordei pensando em Clarice. Em tudo que
ela me disse. Em tudo que minha musa escreveu.
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TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS
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