DIA BRANCO
Juste une journée dans la vie d'un homme: Hoje ele acordou e estava tudo branco. Um branco de um branco tão branco que ofuscava-lhe os olhos. Seu nome, Eustáquio. Eustáquio sentou-se na cama, mãos postas ao colo, olhos vidrados. Sabia que aquele dia tinha algo de especial. “ Nada é tão branco à toa. Há de ter algum motivo” — pensou. “Deve ter alguma mensagem subliminar”. Como bom observador, esperou. Era uma sensação estranha. Levantar da cama àquela altura da vida seria um risco. Poderia cair. Sentia-se tonto, esmaecido, como se tivesse sido atropelado por um trator. Era mesmo uma sensação estranha. Dormira bem. Sonhara. Na noite anterior deitou-se cedo, fez as suas orações, leu algumas páginas do Alcorão, fechou os olhos e dormiu. E agora, desperto, acontece essas coisas. Um mau-estar, um bem-estar, uma vontade de rir e de chorar, um desejo incontrolável de gritar; e este silêncio ensurdecedoramente contra-sensual. Um silêncio branco. Um silêncio paradoxal. Havia uma