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Mostrando postagens de maio, 2013

NÃO PRECISA ME AMAR

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Sem ti Nova York é um terreno baldio: Eu sempre odiei morar de aluguel, porque é a maneira mais cruel de se jogar dinheiro fora. Eu acho. A gente paga, paga, e não compra nada. Houve uma época, nos tempos que morei em NYC, que a minha senhoria; uma velhinha que eu não sabia se era amarga porque era solitária ou se era solitária porque era amarga, toda vez que vinha cobrar-me o aluguel, aconselhava-me com os olhos, sem dizer uma só palavra. Se quando chegava, via que a casa estava desarrumada, levantava as pestanas e reprovava-me com as sobrancelhas. Em silêncio. Aconselhava-me com a alma. Só que aquele olhar de reprovação, e o esvoaçar daquelas pestanas que mais pareciam uma lagarta recém-borboleta, obrigavam-me a deixar a vida em ordem. Assim que ela saía, eu corria, e arrumava a casa. A minha senhoria, aquela com as sobrancelhas de lagarta e pestanas de borboleta, era uma mulher profundamente amarga. Além de nunca trocar uma palavra comigo nem com os vizinhos, ela

ESCONDERIJO

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Na terra de Camões e Pessoa: Quando eu morava em Lisboa, tinha uma amiga chamada Sunflower. Era uma americana que havia morado alguns anos na Inglaterra. Cansada do céu cinzento de Londres, mudou para Portugal no mesmo instante que eu. Acho que alugamos apartamento no mesmo dia. Creio que tornamo-nos vizinhos por um capricho do destino. Embora não acredite em destino, ele existe: como las brujas que yo no creo; pero que las hay, las hay. Então, Sunflower era uma bruxa. Não bruxa de livro; dos contos de fadas, dos filmes. Não. Sunflower era uma bruxa de pano. Uma bruxa de pano-humano. Uma bruxa-humanizada. Um ser humano com jeito de bruxa de pano. Sunflower era frágil e delicada; é isso que quero dizer. Por isso parecia com uma boneca de pano. E como tinha aparência de bruxa; não por ser feia, ter nariz cumprido com uma verruga na ponta, ou coisa do tipo. Não. Sunflower parecia bruja porque era bruja. É assim que chamamos as bonecas de pano na Espanha: dessas feitas em ca

CULTO DE AMOR

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Botanischer Garten: Quem planta uma árvore, planta uma floresta. Quem planta uma floresta, refloresta o mundo.        CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com CULTO DE AMOR™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

IF YOU COULD SEE ME NOW

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A matter of time: Viver é fácil. Só os primeiros cem anos é que são difíceis. Depois passa.        CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com IF YOU COULD SEE ME NOW™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

VIAGEM

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The Four Seasons: Se “uma andorinha só não faz verão”, ainda temos o outono, o  inverno e a primavera: e um cadinho de esperança no meio de tanta bonança. Eu acredito em andorinhas solitárias, e parideiras, que junto com seus pares, dão à luz às estações do ano. Acredito que em algum lugar do universo, há uma mão solitária, que mexe o caldeirão do mundo. Eu acredito na vida. Crer é sentimento que transforma. Portanto, a esperança por si só, a mim me basta.          CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com VIAGEM™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

VOU VER, DE REPENTE

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I love you, bebê: O que tenho para lhe dizer não cabe numa vida. Mas se você me der um segundo, eu resumo em três palavras, o tesouro de minha existência: eu amo você.        CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com VOU VER, DE REPENTE™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

FUGA

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Século XX: Entre o meu mundo real e o meu mundo idealizado, sou responsável pelos meus orgasmos desde 1920.         CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com FUGA™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

DESDE QUE CHEGUEI

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Living in the present: Quando o amor chegou, foi como se a vida voltasse para casa. Pois o amor chegou trazendo a vida nos braços. Por isso eu quero ficar com você, que é o meu presente: duplamente. O amanhã que espere.        CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com DESDE QUE CHEGUEI™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

PELA METADE

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O pescador de sonhos: Sonhar é igual pescar. Temos que jogar a isca e aguardar o peixe. Para uns pescar é inato. Já nascem sabendo. A isso chamamos vocação. Para outros pescar é nato. Exige um certo autodescobrimento, um aprendizado, o ato de apreender-se. Então dá-se o nome de talento. Às vezes pescamos um peixe. Em outras, uma bota. Donde se conclui: se a vida te der um peixe, liberta-o. Se a vida te der uma bota, calça-a.         CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com PELA METADE™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

DRY THESE TEARS

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  Aquela que veio da Ucrânia: É difícil dizer se eu sou apaixonado por Clarice Lispector ou pela Obra de Clarice Lispector. Porque o que conheço de Clarice Lispector é a Obra de Clarice Lispector. Então eu amo Clarice Lispector.         CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com DRY THESE TEARS™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

SINCE I’VE MET YOU

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Mademoiselle Edelweiss: Ela tinha aquilo que se chama bom senso. Era doce, gentil, elegante, não fazia mal a ninguém. Era uma flor do campo. Além de não fazer o mal, fazia o bem: o que tornava-a encantadora. Era boa conselheira. Toda vez que alguém chegava com um queixume, dos mais comuns aos mais cabeludos, nos braços dela encontrava a solução. Para ela qualquer problema era visto com a precisão de um cirurgião. E ela tinha mesmo essa aura de médico. Era sem sombra de dúvida um clínico geral. Ia a fundo até encontrar a cura: fossem os males da alma, do corpo, da mente ou do coração. Eu mesmo já recorri várias vezes ao seu consultório médico. Deitava-me no divã, expunha o que em mim não funcionava direito, e ela com a paciência de uma monja, dava-me o diagnóstico: e ainda passava-me uma receita. O tratamento era simples, apesar de doloroso. Eu tinha que mudar. Mudar hábitos e costumes, mudar a frequência do pensamento, mudar e mudar. E é claro que não se muda da noite para o

EL HUECO

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Em algum lugar da Europa, dezoito anos depois da Revolução Francesa de julho de 1830. É uma luta diária. A luta do proletariado contra a burguesia. De um lado a maioria operária, tentando sobreviver ao poder da minoria capitalista. E embora seja minoria, detém o poder do dinheiro; e esse não perdoa quem se coloca à sua frente: atropelando-o como quem passa com o trator na cabeça de um cachorro morto. A luta é covarde e cruel. Alguém que passe a vida servindo, fazendo multiplicar por mil a riqueza daqueles que o tratam como um souvenir; sem ter sequer a decência de enxergá-lo como ser humano; mas como máquina capaz de os levarem a lucrar rios de dinheiro; o operário, essa gente comum que nasce e morre sem conhecer da vida o mínimo do mínimo; estapeia-se ao vento: horas porque viver é preciso, horas porque sobreviver é necessário. E quem estapeia-se sempre perde; em uma sociedade em que os “fracos” não tem vez. Fracos não porque sejam fracos. Mas porque não têm dinhei

MALDIÇÃO

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Há coisa na vida que não tem perdão: Na aldeia da minha infância, havia uma onça que rondava a minha casa. Ela tocava as minhas partes íntimas, depois me obrigava a tocar as dela. Ela me batia, depois dizia que me amava. Ela era uma onça adulta. Eu era onça-bebê. Foram anos de silêncio na casa do meu padecimento.  Foram anos de sofrimento, porque a onça era brava.   Meus pais nunca perceberam o que houve comigo. E eu nunca disse nada com medo do impublicável. Aquela onça era perigosa. Fazia o que queria. Por isso quando ela chegava, eu ficava com medo e chorava. Os anos passaram, e hoje sei que embora a onça fizesse coisa que não tem nome, aquela violência foi a minha barbaria. O nome da onça é pedofilia. CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com MALDIÇÃO™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

FADO DA MADRAGOA

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Ich bin ein Haustier: Há quem ame mais bicho do que gente. Pois diz que bicho não sente como gente sente. Confesso … tenho medo de gente. Gente faz mal à gente. Gente prejudica gente inocente. Gente me dá dor de gente. Nevralgia. Gente me dá alergia. Ainda assim, gosto de gente. A humanidade me atrai. Mas se tivesse que escolher entre gente e bicho, ficaria com bicho. Eu amo tudo que late. Amo tudo que mia. Bicho é minha poesia.    CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com FADO DA MADRAGOA ™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

MADRAGOA

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  À foz do tejo: A velhice trouxe-me coisas que a juventude tirou. Envelhecer então foi recuperar minhas perdas. Hoje pinto os cabelos brancos com a cor da esperança. Hoje disfarço minhas rugas com juras de amor.   CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com MADRAGOA ™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

FADO ERRADO

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La Sirène: Nos tempos que vivi na África, havia um rio que corria atrás da minha casa, onde segundo os nativos, em suas águas cristalinas morava uma sereia. Todos os dias às três da tarde, a aldeia se reunia na margem direita do rio, e rezava. Alguns levavam arroz doce para a sereia. Outros, argolas de ouro. Fazíamos uma oferenda com o que em nós havia de mais valioso. Pois a sereia era o nosso bem precioso. Eu, que era muito pobre, um dia ofereci à sereia o meu coração. Acho que ela gostou. Daquele dia em diante, nunca faltou-me amor. CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com FADO ERRADO ™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

ESTRANHA FORMA DE VIDA

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Parfois: Às vezes brigo comigo. Às vezes fazemos as pazes. Às vezes saio de casa. Às vezes me arrependo e volto. Às vezes choro feito criança. Às vezes me comporto como adulto. Às vezes sou forte como um touro. Às vezes a fragilidade me acalma. Às vezes visito minh’alma. Às vezes esqueço quem sou. Às vezes.   CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: curtacontos@hotmail.com ESTRANHA FORMA DE AMAR ™ © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2013 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS