SOBERBA
Ele
dizia que tudo que o dinheiro pode comprar era muito bom. E todos ficavam
loucos com ele: por puro estranhamento. Rimava sonhos com casacos de pele. E embora
não falasse nada com coisa alguma, tinha algo tão popular dentro de si, que no
hermético se trancava. Tinha o sentimento negativo, causado pela pretensão de
superioridade sobre as demais pessoas, levando-o à manifestações ostensivas de
arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou variáveis reais.
Roubara-se do dicionário, caindo no pátio com sua soberba. Fingindo ser o que
não era, apoiava-se na muleta da falsa superioridade. Não era melhor do que
ninguém, mas sentia-se num patamar acima dos outros, colocando-se num pedestal
com teto de vidro. Sentindo-se auto-realizado, esfregava a sua riqueza material
na cara dos outros, enquanto insistia em varrer sua alma imunda para debaixo do
tapete. Sentia prazer em humilhar, persuadir, passar à perna, dar golpes,
enamorado com a própria existência. Com o sentimento à altura do chão,
arrastava-se como o homem das cavernas, agregando nanovalor a si próprio. Não
havia caminhado um décimo da cadeia evolutiva. Mas tinha dinheiro, que ofuscava
como ouro, a olhos menos vigilantes. Execrava a homogeneização da humanidade,
pois julgava-se acima do bem e do mal. A humildade libertaria-o se não fosse tão sínico. Acabou
revirado junto a uma lata de lixo, cercado por seus castelos de areia, preso
num baú de pirita, lambendo o fel das vaidades, sem conseguir ver o mundo ao redor
de si.
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Este texto faz parte do livro "S.E.T.E” (eBook Kindle) e está à venda em:
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Muito bom, Carlos. Você imprime excelência em tudo que faz. Vida longa ao rei! Abraços, Filipe Castro.
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