A FORÇA DOS ORIXÁS
Peço a
Deus que me dê a força de Zumbi dos Palmares, de seus camaradas, e de seus
pares.
Que nos
momentos de luta, eu seja forte como João Cândido; Almirante Negro; Mestre-Sala
dos Mares.
Que eu
jamais viva Senhor Deus, o que se viveu em o “Navio Negreiro” de Castro Alves.
Embora tenha-o vivido, eu sei. Já que o poema retrata a história do meu povo. O
povo da África. O povo da diáspora. O negro estrangeiro. O negro
afro-brasileiro. Escravizado. Colonizado. Pós-colonial. Decolonial.
Sim, o
“Navio Negreiro” vive em nós. Seus caminhos e descaminhos navegam em mim.
Todavia que Deus permita a meu povo, que essa agrura não vivamos de novo.
Afastai
de nós, Senhor Deus dos desgraçados, o racismo, a discriminação, o preconceito
racial, a ideologia do branqueamento, a xenofobia e preconceitos correlatos.
Que eu
seja como Milton Santos e Lélia Gonzalez.
Que eu
tenha a resistência de uma Comunidade Tradicional de Matriz Africana. Que eu
traga em mim a beleza de uma Comunidade Quilombola, e a grandiosidade, dos
orixás.
Que eu
seja íntegro como Abdias Nascimento, Adhemar Ferreira da Silva, Ádria Santos,
Alaíde Costa, Albert Luthuli, André Rebouças, Antonieta de Barros, e Arthur
Bispo do Rosário.
Que eu
me torne versado como Stuart Hall, Kabengele Munanga, Frantz Fanon, Angela
Davis, Nilma Lino Gomes, Luiza Helena Bairros, Aparecida Sueli Carneiro Jacoel,
e tantos outros intelectuais acadêmicos, um sem número de nomes.
Que eu
traga em meus adentros Benedita da Silva, Carolina de Jesus, Cartola,
Clementina de Jesus, Conceição Evaristo, Cruz e Sousa, Dandara (esposa de
Zumbi), Dona Ivone Lara, Donga, Dorival Caymmi, Du Bois, Édson Bispo dos
Santos, Elza Soares, Emanoel de Araújo, Enedina Alves Marques, Ernesto
Carneiro, Geraldo Filme, Gilberto Gil, Givânia Maria da Silva, Grande Otelo,
Guilherme Paraense, Jair Rodrigues, Janete Rocha Pietà, Janeth Arcain, João da
Bahiana, Joaquim Cruz, José Correia Leite, José Telles da Conceição, Jovelina
Pérola Negra, Juliano Moreira, e Jurema da Silva.
Que eu
torne-me atemporal como Léa Garcia, Leci Brandão, Lima Barreto, Luís Gama,
Luísa Mahim, Luislinda Valoir, Luiz Gonzaga, Luiza Barros, e Lupcínio
Rodrigues.
Que meu
espírito conjumine-se ao espírito de Machado de Assis, Madame Satã, Mãe Aninha,
Mãe Beata de Iemanjá, Mãe Gilda, Mãe Menininha, Mãe Stella, Makota Valdina,
Malcolm X, Maria Aragão, Maria Firmina, Marina Silva, Martin Luther King,
Martinho da Vila, Melânia Luz dos Santos, Mercedes Baptista, Mestre Bimba,
Mestre Pastinha, Milton Nascimento, Miriam Makeba, Mãe Biu do Xambá, e Nelson
Sargento.
Que
minh’alma seja bela como a alma de Nelson Mandela.
Que eu
seja forte e resistente como o Baobá. Que eu sirva de casa. Que eu seja um lar.
Que eu
faça amigos como Oliveira Silveira, Padre José Maurício Nunes Garcia, Paulo
Paim, Paulo Lauro, Patrice Lumemba, e Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva.
Que eu
me torne longevo como Ruth de Souza: a primeira dama negra do teatro, do cinema
e da televisão brasileira.
Que a
mim venha Rosa Parks, Sandra de Sá, Servílio de Oliveira, Severina Paraíso da
Silva, Steve Biko, e Solano Trindade.
Que,
Senhor Deus dos desgraçados, eu nunca seja órfão de minha pátria: um homem
vazio; um terreno baldio; um desterrado; um exilado.
Que eu
traga em mim a força de meus ancestrais. Escravos, não escravos, libertos,
libertados, libertadores, alforriados, reis, rainhas, guerreiros, soldados.
Que em
meu interior haja um punhado de Teresinha Guilhermina, Tia Ciata, Tim Maia,
Ubirajara Fidalgo, Vanderlei Cordeiro de Lima, Veridiano Farias, Vovô do Ilê,
Zezé Motta, Zózimo Bulbul.
E como
disse no início deste escrito (meu manifesto manuscrito), peço a Deus que me dê
a força de Zumbi dos Palmares, de seus camaradas, e de seus pares.
Que nos momentos de
luta, eu seja forte como João Cândido; Almirante Negro; Mestre-Sala dos Mares.
Axé!
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Este texto faz parte do livro "Guerra surda do elo de egos” (eBook Kindle) e está à venda em:
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Estou muito feliz com a volta do blog, Carlos. Muito feliz. Obrigado por dividir com seus fãs todo o seu talento. Parabéns por ser esta pessoa incrível. Abs, Antônio Pedro.
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