ENSAIO SOBRE O ABANDONO





Eu tenho um problema muito grande com o abandono. Porque as pessoas simplesmente me abandonam. Como meu pai me abandonou e outros tantos. Eu sempre achei que a culpa era minha. Porque para não ser abandonado, doava tanto amor; pois ‘tanto amor’ era todo o amor que eu tinha. Tanto amor, que eu ficava vazio. Tanto amor, que eu ficava tonto. Tanto amor, que não sobrava nada para mim.

Não, a culpa não era minha. Eu me doava, pois dava o que eu tinha: me doava todo, por completo, e por inteiro. Mas quem me recebia, não me entendia… A quem eu me dava, eu não pertencia. Fui tido como descartável por muita gente, sabe. Mas quem perdeu não fui eu. Aliás, não sei quem ganhou nem quem perdeu. Mas eu não me perdi.


Aprendi muita coisa com o abandono. Uma delas, e uma das poucas que ouso revelar; tornar público; publicizar; é que o abandono, — esse que também me trouxe o pertencimento, — é que quando me olho no espelho não vejo um estranho: eu me vejo e me reconheço. Quando me olho no espelho, eu vejo a mim. Assim… nu. Assim… cru. A mim não me abandono, sabe. A mim me dou e me doou. Assim, como um saco de confete jogado ao vento.   

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Este texto faz parte do livro "Ensaio sobre o abandono (eBook Kindle) e está à venda em:

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ENSAIO SOBRE O ABANDONO © copyright by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2017
TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS BY CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS

Comentários

  1. Emocionada, Carlos. Você escreve com delicadeza. Lindo! Sou sua fã! Bjssssssssssss, Rose Bueno.

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