FAMÍLIA
“Educação
é aquilo que fica depois que você esquece o que a escola ensinou” — Albert
Einstein.
Quando uma mulher fica grávida,
projeta no ventre as expectativas sobre aquele que um dia chamará de ‘meu filho’. E
quando esse filho nasce, ela descobre que não há amor no mundo que se compare
ao de uma mãe por um filho. E o pai, coadjuvante de uma história que está
apenas no começo, entra em cena como quem estreia a novela das 9: com o
sentimento à flor da pele. Porque daquele dia em diante, ambos nunca mais serão
os mesmos. Haverá dias ininterruptos e noites intermináveis. Pois há de se amar
e educar a esse que acaba de chegar. E como bem sabemos, amor demanda tempo, devoção,
responsabilidade, desprendimento, libertação, cumplicidade. Amor é caro porque
não custa dinheiro. Qual será o preço do amor de um pai por um filho? Quem pode
comprar? Quem pode pagar? Alguém um dia me disse que “quem ama, educa”. Então
concluí: Se o amor é sentimento que transforma; logo, educação não tem preço.
Quando Paulo Freire (educador,
pedagogista e filósofo brasileiro) diz que “se a educação sozinha não pode
transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”, — compreendemos
que educar é ofício diário, que há de se ter vocação para o mister de educador,
que talento é edifício que se constrói ao longo de uma vida, e que só aquele
que descobre que transformação é aquilo que acontece dentro de si mesmo, é
capaz de mudar o mundo. Se como diz o dito popular “uma andorinha só não
faz verão”, — família e escola juntas, são o alicerce de um prédio
erguido sobre a rocha. E como o prédio em questão é construção feita de matéria
humana, torna-se mais forte que concreto armado. Ou seja, “não basta saber ler
que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu
contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse
trabalho”, — diria Paulo Freire. E como ele não foi homem de deixar
raciocínios pelo meio, completaria: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” [...]
“Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos.”
Voltando a falar daquela mulher
grávida, de seu marido, e do filho que ambos trarão ao mundo, chegamos à conclusão de que a educação é o exercício de uma vida, já que ela brota quando
nós brotamos no universo de todas as coisas, e não se aparta de nós quando daqui partimos.
“Educação começa em casa”, — diria o mestre (o sábio, o pensador).
“Educação é o que viemos buscar, e que daqui levaremos, quando expirarem os
nossos dias sobre a terra”, — diria o noviço consciente de seu lugar no mundo.
Pois todo mundo é aprendiz: seja feto ou homem feito, recém-nascido ou
idoso, pai ou filho, aluno ou professor. Como ensinou-nos Paulo Freire, “ninguém
ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Por isso
aprendemos sempre.”
A vida nos ensina que viver em
sociedade é correr riscos. Risco de errar, risco de acertar, risco de ser
assaltado em um beco sem saída, risco de encontrar o amor ao dobrar a próxima esquina.
Os pais sabem do risco que correm quando colocam um filho no mundo. Porque o
filho não é deles. O filho é do mundo. É por isso que os pais dizem: “Não
mastigue de boca aberta, estude para ser alguém na vida, não atravesse a rua
sem olhar para os lados, respeite os mais velhos, ame-se se quiser ser amado.”
Pois como já dissemos, educação vem de casa. Quando mandamos um filho para a
escola é como se disséssemos a nós mesmos: “Ele é filho da vida”. E é essa vida
que nos pontifica que quem ama liberta, educa, ensina a voar. A escola de hoje é a
faculdade do amanhã. O mundo é uma universidade. Mas só exerce o seu papel social (como aquele ator que acaba de estrear a novela das 9) quando se sabe
que mundo é esse que se vive. Sim, educação começa em casa. Porém continua
na escola, na rua, na academia… e no parapeito da janela, de onde nos debruçamos para enxergar
o mundo. Cada ser humano é único. E é isso que nos torna tão
especiais: não há dois seres humanos iguais. Por isso dedico a todos, e a cada
um, as palavras de Paulo Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo,
os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
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