PRA CURAR ESSA DOR (HEAL THE PAIN)


Quando eu disse que jamais me casaria (porque tinha sofrido o revés do amor), ainda não havia você em minha vida:

Toca o telefone…

“Quando o amor nos pega distraídos, arruma logo um jeito de se aproximar” — disse-me Simone, com ares de Beauvoir. “É verdade”,  — concordei. “O amor tem feito por nós coisas inimagináveis” — concluí.

Um dia ligou-me novamente. Após cinco minutos de conversa fiada (e afiada), retomamos o assunto: “O amor é uma daquelas coisas que carregamos do lado esquerdo do peito” — falou. Ela é assim… surpreendente. Tão apaixonante, que me faz passar o dia a repetir seu nome: Simone, Simone, Simone. “Que tal um cineminha no final da tarde?” — perguntou-me em os primórdios da juventude. “Claro! Vamos, sim” — respondi.

Chegando ao cinema, espantamo-nos por estarmos vestindo quase que a mesma roupa: calça jeans e t-shirt vermelha. A minha tinha o Batman estampado no peito. A dela, a Cinderela. E lá fomos nós rumo à sala escura. O filme que escolhemos para assistir foi “Na Presença de um Palhaço” (Larvar och gör sig till), — de Ingmar Bergman. Lindo. Em meio a um combo com pipoca, balas e refrigerantes, ela me pediu em namoro. Sem titubear, aceitei. Sem pensar sequer um segundo, eu disse sim.

Estamos cá até hoje. Eu velhinho, encarquilhadinho, com a memória avariada, esquecendo as coisas. Mas dela eu me lembro. Porque ela continua aqui, do lado esquerdo do peito. Lembro-me que a primeira vez que a vi, lá estava ela: vestida de vermelho  com uma flor no cabelo. Então eu disse para mim: “Não há coisa mais linda que uma menina com uma flor no cabelo”. A menina cresceu. Eu cresci também. Cresci tanto, que envelheci. Ela continua usando vermelho. E de vermelho, eu gosto.       

   

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