A TRIBO DOS SOLITÁRIOS
Ouve-se o som da flauta num povoado distante. Silêncio. Chronos e Kairos entram em cena.
Meu Olimpo, minha Casa Eterna, as Ilíades te proclamam! Estou confuso e pretendo fugir. Creio não suportar a Ira de Aquiles. Os deuses se manifestam, mas temo que os céus combatam com fervor suas intenções. Não sobreviveríamos a punição dos Mestres. Seria a condenação inexorável. E os males do destino cairão sobre nós. Novamente, digo-te, meu Olimpo Sagrado: tenho medo. E as sábias pérolas que me ensinaste são os únicos refúgios para minh'alma desanimada, prestes a sucumbir a Ira de Zeus, o Senhor do Raio, que a todos tem em suas mãos. Observado e aconselhado por seu pai, Chronos, Zeus recebe de braços abertos a todos que vieram contar-lhe as infortunas notícias no Salão Dourado. E os deuses do Olimpo reunidos em silêncio, nos acompanham com olhar desconfiado e ardil.
Afrodite parece ansiosa, esfregando as mãos e acariciando o colo de seu marido, Hefestes, que não demonstra qualquer emoção. Hera, mãe de Efestes, entoa uma canção calmante, vibrando energias benéficas por todo o Olimpo. Poseidon e sua filha, Tétis, imóveis, parecem com a mais bela das estátuas gregas: Cegos a sua própria direção. Frios como o mármore que os compõe. Vendo isto, comecei a tremer… E o medo voltou a habitar todo o meu corpo. Homero não se conteve a tanto silêncio, e provocou a Ira dos deuses, pedindo a Musa que cantasse suavemente: A Ira de Aquiles. O medo mais uma vez cercou o meu espírito. A canção trouxe tantos males que a morte parecia uma benção. Pois há momentos na vida, que a morte, é a nosso unica salvação — pensei.
Aquiles não satisfeito com tudo que Homero provocara, sedento pelo canto da Musa, pediu a Calcas; o ambicioso adivinho, que revelasse porquê as suas tropas vinham sendo destruídas por Apolo. E chegou as vias de fato. O motivo era ínfimo e cruel: O general Agamenon não aceitara o resgate pedido pelo Sacerdote, Crises, em troca de sua filha. E isto desencadeou sérios problemas… Coisas difíceis de entender para os simples mortais que o mundo criará. Homens no Olimpo do lixo, presos à restos de embalagens e objetos reciclados. No futuro, visões de latas voadoras invadirão os espaços. A Terra será invadida por seres de outros planetas. Seres como nós, que chegamos aqui antes de todos os outros, e que até hoje, ninguém percebeu. Os sinais já estão aparecendo em todos os cantos do planeta. Mas mesmo assim, muitos não acreditam no que estão vendo. Por isso todos morrerão, por falta de sabedoria. Será a nova batalha de gregos e troianos. Mas Zeus não estará lá para proibir aos deuses de intercederem nesta luta. Vencedores sobre vencidos desarmados. Algo insoso e insensato. Prefiro a nossa conduta do passado: Ágil, hábil, heróica e vivaz.
Tétis , mãe de Aquiles, promete conseguir o apoio de Zeus. E assim, através de seu poder, concretizar os seus desejos de vingança. Zeus atende as suas súplicas e o confronto final entre gregos e troianos se faz perto. Comandados ferreamente pelo pulso forte de seus generais, Atena conduz os gregos e Apolo lidera os troianos, numa batalha sangrenta.
O medo mata-me aos poucos com flechadas de escárnio e pavor. Um duelo de imortais, sendo observado das Muralhas de Tróia por Príamo e Helena. Chronos passava. Kairos também. Tróia estava prestes a ser destruída. O pácto de amizade entre Príamo e Helena quase caiu por Terra — com a ameassa da intervenção de Zeus, permitindo que Atena fosse até o campo de batalha, e persuadisse os troanos a se trairem. O pácto seria rompido e o desastre seria lamentável. Mas graças ao equilíbrio de forças dos deuses do Olimpo — os desejos de Hera não se concretizaram. Entretanto, Diomedes mata Pândaro, insuflado pelo ódio de Atena. Em meio à batalha, gregos e troianos confrontam-se sem perdão. Enéias é ferido. Zeus põe fim a luta. E os deuses se afastam da batalha em obediência ao Senhor do Raio.
Grécia dos poetas mortos: Um mundo que foi engolido pelo tempo. Fruto do passado. Minhas Ilíades. Meu Olimpo. Deuses e heróis forjados às suas armaduras. Coletes manchados de sangue. Armas pesadas e velhas formando uma sucata infernal. No campo de batalha usávamos a maça — com suas pontas letais. O mangual. Bolas de ferro presas à correntes, capazes de ferir o inimigo a distância. Espadas e escudos. Um arcenal bárbaro à espreita — velando o impublicável. À primeira vez que cheguei por aqui, vivi numa época repleta de sonhos, mortes e desejos. E agora que estou na minha décima quinta passagem, vou seguir viagem, sem dizer adeus.
Pausa para passagem de tempo. Chronos e Kairos saem de cena.
O medo atacou-me pela última vez. E foi implacável e voraz. Senti a grama roçar-me o rosto e acariciar-me os cabelos. A batalha enfim terminara — pensei. A história de Homero mais uma vez se completou. Zeus enfim me concedeu o seu perdão.
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Seu blog é tudo de bom, querido! Amei o conto!
ResponderExcluirBetto, você é TUDO DE BOM! Amei!!!
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