IF I CAN’T HAVE YOU

“I gave it all so easily to you my love”: — Amar você me acabou com o fígado! — disse Ramón a Angeles. Esbaforido, entrou sala a dentro, atravessou o passadiço com piso de madeira, subiu dois lances de escada, permeou um corredor extenso, respirou fundo e bateu a porta do quarto. Angeles não se fez de rogada, correu até o marido com a resposta na ponta da língua, e esbravejou: “São atitudes assim que acabam com o casamento!”. Silêncio. Eles eram um casal adorável. Amavam-se. Acontece que com o passar dos anos, esse amor que era infinito, emurcheceu. Caiu na monotonia, no hábito, na facilidade de ter o outro ao alcance das mãos. Virou lugar-comum. Chavão. Clichê. Não que seja ruim ter o outro por perto. Longe disso. Mas eles pararam de valorizar a escolha que fizeram e que os levaram ao altar e aos votos de amor eterno. Aqueles que dizem: “Até que a morte nos separe.” Votos, aliás, que significam aparceiramento, associação, centro, companhia, consórc...