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MARGOT DE PEDALINHO

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Ele havia sa í do de casa no S á bado de Aleluia para comprar cigarros, e at é hoje tinha ido, – e n ão mais voltado. Ele era assim... T ão cabe ç a de vento, que s ó n ão perdia a cabe ç a, porque estava presa no pesco ç o. A esposa, muito preocupada com o sumi ç o do marido, esperou por ele por mais de um ano – sentada no port ão . O que havia acontecido ? Onde será que ele tinha ido? Morto, de certo não estava, porque se morto estivesse; ela saberia. Tinha um sexto sentido tão aguçado para a morte, que adivinhava quem iria morrer, com dez anos de antecedência. Era tão boa nisso, que meses antes da pessoa morrer, lá estava ela, com uma coroa de flores na mão, e um copo de conhaque na outra, – bebendo o morto.  ' Morto, não! '.   ' Morto, não estava '  – pensou. Mas se morto não, onde estaria? Não sabia... O marido era um moço tão bom,  que deveria estar preso. Aliás, era um preso tão bom, que deveria estar moço. Se atrapalhava toda ao falar do marido... Mas o...

DE HIROSHIMA À NAGASAKI

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“ Je suis tr è s d é sol é , mon amour. Mas o meu  para í so  é a Terra ” .   (Betto Barquinn) Ele acordou cedo, fez o sinal da cruz, rezou o Pai Nosso e começou a escrever: Ele acordou cedo, fez o sinal da cruz, rezou o Pai Nosso e começou a escrever: A gente fica tentando descobrir, quem além de Nero botou fogo em Roma, ao invés de procurar o que há de errado dentro de nós. O ser humano costuma colocar chifre em cabeça de cavalo. Tentando dar nome aos bois — perdemos tempo. Whatever... Os ataques nucleares causados pelos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki,  —   promovidos pelos norte-americanos contra o Império do Japão,  — mostraram ao mundo que ninguém está imude ao poder implacável da mão do homem. O que nãoquer dizer, que a natureza não devolva o troco, — com juros e correção monetária.“Little Boy” caiu sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945. “Fat Man”, a outra bomba nuclea...

ORFEU, EURÍDICE, RITA HAYWORTH E EU

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Embora n ão me chame Orfeu, sempre quis que a Rita Hayworth fosse a minha Eur í dice. J á nasci apaixonado por ela, como se nos conhec ê ssemos de outras vidas. Lembro-me que a primeira vez que a vi foi em Gilda, um filme-noir de 1946, onde ela contracena em preto-e-branco com Glenn Ford. Eu, muito enciumado, sa í do cinema odiando Johnny Farrell, a personagem do Glenn, s ó porque o cara beijara Gilda, vivida por Rita, deixando ambas de cora ção partido. J á  que n ão acredito em beijo t é cnico, naquele instante desejei coisas horr í veis para o Glenn. Como ele ousava beijar a mulher da minha vida, numa tela de cinema, para o mundo todo ver ? Um absurdo! Mas acabei relaxando no final do filme, ao perceber que Gilda não era minha nem do Glenn, nem do Johnny nem de ninguém; afinal: “Nunca houve uma mulher como Gilda!”. Foram dias memoráveis aqueles que passei com a Rita no corpo de Gilda e vice-versa. Embora fosse apaixonado por Gilda; amava Rita. E para não ter que escol...