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Mostrando postagens de outubro, 2017

EU AMO VOCÊ

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Ich liebe dich: Hoje nasceu uma estrela no teto do meu quarto. Não entendi. Acordei, levantei, saí para escovar os dentes; e quando voltei, lá estava a estrela grudada no teto. Ela é grande e luminosa. Linda de viver! Pensei em contar a alguém sobre o meu achado. Mas tenho medo que concluam que enlouqueci. Então melhor não contar. Esse será o nosso segredo: meu e da minha estrela. Agora eu tenho um sol só para mim.   _____________________________________________________ Este texto faz parte do livro "Avisa no circo que o palhaço já tem dono” (eBook Kindle) e está à venda em: https://www.amazon.com.br/Avisa-circo-que-palha%C3%A7o-dono-ebook/dp/B071FS7TC9/ref=sr_1_27?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1508172980&sr=1-27&keywords=carlos+alberto+pereira+dos+santos _____________________________________________________ CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: e-mail: curtacontos@hotmail.com Twitter:  @bettobar

SOBERBA

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Ele dizia que tudo que o dinheiro pode comprar era muito bom. E todos ficavam loucos com ele: por puro estranhamento. Rimava sonhos com casacos de pele. E embora não falasse nada com coisa alguma, tinha algo tão popular dentro de si, que no hermético se trancava. Tinha o sentimento negativo, causado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando-o à manifestações ostensivas de arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou variáveis reais. Roubara-se do dicionário, caindo no pátio com sua soberba. Fingindo ser o que não era, apoiava-se na muleta da falsa superioridade. Não era melhor do que ninguém, mas sentia-se num patamar acima dos outros, colocando-se num pedestal com teto de vidro. Sentindo-se auto-realizado, esfregava a sua riqueza material na cara dos outros, enquanto insistia em varrer sua alma imunda para debaixo do tapete. Sentia prazer em humilhar, persuadir, passar à perna, dar golpes, enamorado com a própria existência. Com o sentimen

GHOSTTOWN

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Plush heart: Eu amo como quem ama os bons, como quem ama os bárbaros, como quem ama os culpados, como quem ama os inocentes, como quem ama os ímpios, como quem ama os crentes, como quem ama o frio, como quem ama o quente, como quem ama o dia, como quem ama a noite, como quem ama o rural, como quem ama o urbano, como quem ama o raso, como quem ama o profundo, como quem ama o largo, como quem ama o justo, como quem ama o palpável, como quem ama o subjetivo, como quem ama a matéria, como quem ama o espírito, como quem ama o preto, como quem ama o branco, como quem ama o riso, como quem ama o pranto, como quem ama o alto, como quem ama o baixo, como quem ama o gordo, como quem ama o magro, como quem ama o surdo, como quem ama o ouvinte, como quem ama o tradicional, como quem ama o antigo, como quem ama a cor, como quem ama a palidez, como quem ama a calma, como quem ama a fúria: como quem dá um boi para não entrar em uma briga e como quem dá uma boiada para não sair dela.

SAMBA DEVAGAR

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Para lá do aparato vestibular: Quem sabe deveria ter guardado meus livros de infância em minha caixa de guardados, ao invés de tê-los deixado por aí, e perdido. Quem sabe ainda teria nas mãos, e diante dos olhos, o ótimo “Sansão e Dalila”, livro que li no pré-escolar e que do autor não lembro sequer o nome. Teria também “Pollyanna”, de Eleonor H. Porter, que fui obrigado a ler para uma prova do primeiro ano do Ensino Fundamental. Quem sabe… Ouvi de alguém um conselho interessante, quando tinha meus nove, dez anos de idade: “Guarda em lugar seguro os tesouros de tua alma. Não deixes que roubem de ti aquilo que não tem preço”. Pois bem… se tivesse deixado em bom lugar “Minhas Vidas”, “Em Busca do Eu” e  “ Dançando na Luz”, da Shirley Maclaine, — certamente estariam aqui para contar história. Esses foram os primeiros que li, não por imposição mas por força do destino, por minha conta e risco. Ah, o conselho que me deram quando eu tinha nove, dez anos de idade, ainda re

DUAS FACES

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Hoje de manhã, meu filho chegou com um livro na mão, e me perguntou: — Pai, sabe quem eu quero ser quando crescer? Eu disse: — Meu filho, a pergunta não seria: o que eu quero ser quando crescer?! Ele contestou: — Não, pai. A pergunta está certa.           Sem entender direito o que ele queria dizer, prossegui com a prosa:          — Então, meu filho. Quem você quer ser quando crescer?          Ele respondeu:          — Joaquim Barbosa. (Joaquim Benedito Barbosa Gomes) Naquele instante, chorei. Não era mais um menino. Estava diante de um homem. _____________________________________________________ Este texto faz parte do livro " 10 coisas que preciso fazer antes do fim do mundo ”   ( eBook Kindle ) e está à venda em: https://www.amazon.com.br/coisas-preciso-fazer-antes-mundo-ebook/dp/B01AQ9BPMQ/ref=sr_1_11?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1508013929&sr=1-11&keywords=carlos+alberto+pereira+dos+sa

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS

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Se as crianças brancas tivessem na maioria das vezes apenas a opção de terem bonecas pretas, certamente iam saber o que sentem as crianças pretas por haver na maioria das vezes apenas a opção de terem bonecas brancas. Que sociedade é essa que no discurso fala em igualdade e no dia a dia impõe a desigualdade racial? Crianças pretas existem, sabia??? CONTACT CARLOS ALBERTO PEREIRA DOS SANTOS: e-mail: curtacontos@hotmail.com Twitter:  @bettobarquinn Facebook: https:// www.facebook.com/carlosalbertopereiradossantoss Instagram: https://www.instagram.com/curtacontos/?hl=pt-br Catálogo dos meus livros na Amazon: https://www.amazon.com.br/s/ref=nb_sb_noss?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&url=search-alias%3Ddigital-text&field-keywords=carlos+alberto+pereira+dos+santos FELIZ DIA DAS CRIANÇAS ™   © copyright   by Carlos Alberto Pereira dos Santos 2017 TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

A VELHA SENHORA

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Ela era negra como uma noite sem luar. E tinha a dignidade estampada na palma das mãos calejadas. Era negra sim, e esse era o único orgulho que ainda lhe restava. Lembrava-se que descendia de um povo que nasceu para trabalhar. Dizia a si mesma entre mangas de paletó e cerzidos de anágua, que os negros chegaram ao Brasil como escravos. Trouxeram a alegria colada à alma, e mesmo tratados "como coisa que se joga fora", eram pessoas — e como tal — eram dignos de respeito e mereciam ser amados. Assim, cheia de si, enamorava-se pela vida toda vez que nela pensava. Aliás, a vida sempre lhe fora amiga, protetora e guardiã. Ela era negra como uma noite sem luar. E tinha a dignidade estampada na palma das mãos calejadas. Era negra sim, e esse era o único orgulho que ainda lhe restava. Lembrava-se que descendia de um povo que nasceu para trabalhar. Dizia a si mesma entre mangas de paletó e cerzidos de anágua, que os negros chegaram ao Brasil como escravos. Trouxeram a al