A IMPARIDADE DAS MÃOS

Elas não negam a idade,

Transformam-se;

Evoluem.

Instrumentadas pelo cérebro;

Pela emoção,

Reagem conscientes,

Inconsequentes,

Ao amor, à paixão;

À raiva.

São diferentes,

E possuem individualidade;

Pois sabem ser elas mesmas.

Mãos abençoadas que pregam a fé,

Mãos inquietas que procuram sempre alguma coisa,

Mesmo pelo simples prazer de exercitarem-se.

Algumas carinhosas e macias;

Outras severas e ásperas.

Umas um tanto frias,

Indecisas,

Mas ímpares.

São as mãos da plebe rude e ignara,

Castigadas pela tristeza,

Pelos afagos da dor.

Mãos da burguesia;

Finas,

Graciosas,

Bem cuidadas,

Porém fúteis e exageradamente enfeitadas.

Mãos que lutam,

Que criam,

E outrora levam com o adeus,

A esperança no amanhã.

Viver as mãos,

Que sentem,

Que emocionam-se,

E expressam um sorriso,

Suadas,

Lavadas,

Imundas.

Mãos são mãos,

Com suas linhas da vida e do amor,

Acentuando o destino,

Indicam de forma precisa;

O futuro de uma febre terçã.

Mãos fotografadas e maquiladas,

Que dançam e acompanham o ritmo da música,

Mãos envelhecidas,

Enrugadas,

Porém vividas,

Experientes e sábias.

São mãos que assustam,

Que defendem o Meio Ambiente,

Que comunicam-se,

E com seus gestos,

Informam,

Esclarecem;

Educam.

Sonhei com as mãos,

Amei com as mãos,

Sou todo mãos.

E se um dia as perdesse;

Choraria.

Mas me conformaria,

Pois foram-se as mãos,

Mas restou-me a vida;

E viver é preciso.

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