YOU SHOULD KNOW
Você deve
saber:
Eu perdi meu marido aos vinte anos de idade. Naquele instante quis morrer. O câncer não acabou só com
ele. Matou a mim também. Quis morrer, sim. Mas estava grávida, e a criança que morava
na minha barriga, não tinha culpa da minha dor. Então pensei: “quando ela
nascer, eu me mato”. Entretanto, quando minha filha nasceu, percebi que não
seria capaz de deixar um filho meu; que já não tinha pai, crescer sem mãe.
Então esperei mais um pouquinho: e não morri. O tempo passou e a criança
cresceu. Vi descortinar-se diante de mim, cada segundo de uma vida: fralda,
mamadeira, chupeta, andador, os primeiros passos… e tudo que se
ganha, quando Deus coloca alguém dentro da gente, e esse alguém nasce. Aos
poucos a morte foi distanciando-se de mim. Meu marido não estava mais entre
nós, contudo deixou-me o fruto do nosso amor. Eu, que sempre soube que alguém no
Céu olhava-me com a precisão de uma microscópio, tinha certeza, de que agora,
eram dois velando por mim: meu marido e meu anjo da guarda.
Quando a
minha filha formou-se na faculdade, morrer nem passava mais pela minha cabeça.
Era hora de viver e esperar os netos: que vieram, afinal, três anos depois. Meu
marido, se estivesse aqui, teria orgulho de mim. Carreguei a nossa pequena
família nos braços, quando não tinha forças para segurar sequer, a minha mão. Agora
somos muitos espalhados pelo mundo. Onde a princípio só havia um (ou uma), que
era eu; sentindo-me sem nenhum, surgiram meninas e meninos correndo pela casa.
Eu não comecei essa história sozinha. O amor que Deus me deu: Ele mesmo levou.
Todavia, deixou-me uma biografia repleta de esperança, ao permitir que brotasse
em mim: o Dom da Vida. Eu, que era uma mulher marcada pela despedida, me
reinventei. Viver é bom, eu sei.
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