SE EU FECHAR OS OLHOS AGORA, EU MORRO

Eu n ão sei se h á estrelas debaixo desse c é u. Mas a vida aqui é t ão m á gica, t ão cheia de gra ç a, que mesmo que estrelas n ão haja, as vejo intocadas como folhas de papel. Dois dias depois de morrer, Homero caminhava calmamente à s margens do Aqueronte, a procura de uma moeda. Sabia que s ó assim poderia pagar Caronte pela viagem ao Hades. Com um pouco de esfor ç o, apesar da densa n é voa que cobria tudo, conseguiu ver ao longe, a barca. ' S ó pode ser Caronte vindo buscar-me ' – pensou. Mas como iria embarcar sem a tal moeda sob a l í ngua ? Vendo Caronte aproximar-se mais e mais, desesperou-se. Talvez o melhor fosse sair correndo. Talvez o melhor fosse fugir dali. Se entrasse na barca sem um centavo que fosse, sabia que seria condenado a ficar preso à margem do Aqueronte, por toda a eternidade. Ou na melhor das hipóteses, seria obrigado a nadar por cem anos em suas águas. Se voltasse para casa, viraria assombração. Afinal, não existe lugar seguro para os mo...