SUGAR PIE HONEY BUNCH





Can you give me a kiss?

Ela usa a internet para pagar bolete. Sempre abusa da Gillette, masca goma com chiclete, xinga tudo, passa cheque, chupa bala com papel, fala gíria em chinês, assassina o português, faz cursinho de inglês, sempre rouba celular, só sabe ver hora em Rolex, fuma muito, se embriaga, cheira hortelã, goiabada, queijo coalho, vive presa, se abandona, descarada, pé de cana, mentirosa, ordinária, perdulária, verdadeira, moleca, deliciosa, levada, louca, alta, quase insã, nem parece que usa sutiã.

Ela vende o corpo para pagar o aluguel. Sempre faz ponto em motel. Fugitiva do Pinel. Faz maquiagem com pincel. Borra a cara com batom. Vingativa, dedo-duro, fuxiqueira, fura-olho, sempre inventa uma história, malha todos no escritório, mama leite a doidado, só faz sexo com viado, depois ri da cara deles, diz que é macho, diz que é fêmia, vaselina e boémia. Adora palavrão, mas só se for em alemão, decidida, muito culta, já cursou o doutorado. E agora faz mestrado, PHD em pegação.

Ela tem mil amigos no Orkut. E se sente nua quando está vestida. Tem um blog, um fotolog e uma havaiana de pau. Seu MSN pisca mais do que letreiro de motel. Consumista, vigarista, ninfomaníaca, quebra-barraco, visceral, já saiu com todo mundo do Twitter ao Nepal. E na maior cara de pau, leva os pais no primeiro encontro, só para ter desconto no swing da favela. Aos dezoito anos de idade, já tinha levado mais no “curriculum” que a Cicciolina no cinema. Já sofria de bulimia, já gostava de poesia, já exercitava o ledo engano da hipocrisia. E já ganhava na malandragem, mais grana de quatro, do que as cortesãs sifilísicas de Sodoma e Gomorra, em baixa baixaria, embrulhada indecente em aromas sortidos, sabor orgasmo tuttifrutti, preservativo-bambolê e orgia alegria-alegria. Poetisa, ela sempre escandaliza, de Castro Alves à literatura de Cordel. Na profile do Facebook, ela manda um palavrão. E declara: "Eu sou macumba. Pode vir, que eu despacho! Eu sou vadia só porque tu não és macho. Eu sou gulosa, como a banana até o cacho. Eu sou insaciável, tomo tudo e quebro o casco. Eu sou bagulho, baseado eu meto o tacho. Eu sou lesada, quando eu caio, eu me esborracho!".

Funkeira, zoeira, poeira, bagaceira, fervesão. Baladeira, marombeira, saladeira, maneira, melação. Fuleira, pagodeira, fofoqueira, dadeira, curtição. Sexta-feira, pegadeira, faladeira, boqueteira, sapatão! O filme da sua vida: Garganta Profunda. Livro de Cabeceira: A Vida é uma Lixeira. Homem ideal: Aquele que senta o pau. Sonho de consumo: Viver levando fumo. Sonho impossível: Aquele que vira um pesadelo terrível. Marrenta, quando o cara é tarado, ela diz experimenta! Viciada em homem, ela nunca nega fogo, sempre pronta prum "ball cat". Na frente e atrás ela sempre pede mais. Atrás ou na frente ela engole até ficar dormente. Na garganta ela gosta, mas só depois que nêgo atocha. No fundo do buraco, ela aguenta até o pato. E se lhe der o dedo, ela senta no teu braço. Tão larga e profunda é a cara da Raimunda, dizendo: "Se não vai me comer, não me cozinha, otário! That's not nice!.

Ela tem um “closet” exclusivo para consolos e outro para garotos de programa. Voyeur, adora homem com homem e mulher com mulher. Mas sabe como é... Boladona, ela ainda vai se casar de véu e grinalda, vestida de veludo branco, com algum metrossexual pé de mesa, que lhe prometerá amor eterno, casa, comida, roupa engomada... E tudo aquilo que enche os olhos da gente quando a gente ama simplesmente. E lhe dará um pé na bunda, assim que descobrir que é corno, que ela é um transsexual marroquino, que está falida, que é uma irresponsável social, que seu melhor amigo também é seu amante, que o filho dela não é dele, que ela diz para todo mundo que ele é impotente compulsivo. E que todas àquelas juras de amor incondicional, estão mais para "até que a morte nos separe” ou “o litigioso nos arranque até as calças”. Sei lá... Só sei que ela acabará viúva e rica, cheia de plásticas, lipos, botoxes e bioplastias. E com o bolsos cheios de dinheiro. Porque o prêmio ds materialistas é para quem é mais esperto. Por isso chega primeiro. E isso ela aprendeu muito cedo, antes mesmo de aprender a falar. Porque primeiro ela andou, depois decidiu engatinhar.

Ela vive amolando o canivete. E diz para todos que é piriguete. Descolada e tiete, atraente, indulgente, diz para mãe que virou crente. Indecente, pornográfica, usa mini-saia com cueca. Espertinha, pega fogo, se inflama, surta todo dia. É a dona da alegria. Divertida, boba-boba, palhaçona, diz que é clone da Madonna. Criançona, retardada, humorista, genial, sempre usa camisinha musical. Transa todas, beija muito, sente fome, faz larica, raramente se irrita. Cospe fogo, cospe fel, mas às vezes é cospe mel. Só sai com homem casado, sempre tem dois namorados, um hétero e outro gay. Libertina, libertária, panfletária, pansexual, amiga e maternal, adotaria uma criança alienígena, mas só se ela abanasse o rabo e falasse: au-au. Adora cão e gato para fazer sapato. Adora gato e cão pra fazer sabão. Seu roteador está sempre ligado, seu filme sempre queimado, seu computador fusado, seu equilíbrio, desequilibrado, e seu espírito, desmaterializado. Ingênua, problemática, egoísta, sempre reclama do analista. Pega táxi, anda a pé, vive indignada por ter nascido mulher. Animada, é a primeira a chegar à boite e a ùltima a sair do motel. Para um bolete básico, sem direito a beijo na boca, ela cobrava duas de cinco ou cinco de dois. Pagamento à vista. Sem desconto. Nota sobre nota. Nem um centavo a menos. Tinha tatuado na região pubiana, uma frase em forma de poesia: Fiado só amanhã! E dizia: "Dinheiro na mão, calcinha no chão. Dinheiro sumiu, calcinha subiu!". Menstruada, barbarizada, fuma um com a empregada. Explanando vadiagem, é arroz de festa em blitz de alta voltagem. Figurinha carimbada, vai à Bitch como V.I.P. E no final da noite sempre rola pela escada, só para fazer presença, sem pedir licença para sair dali. Descolada, vivia a velha teoria do universo alternativo, sobre tudo que a gente não é aqui, seria lá.

É isso, meu amor... Lavou, tá novo!

Este conto podia se chamar “Sugar Pie Honey Bunch”. Ou, “Quem tem medo do Lobo Mau?”. Ou ainda, “Ela deixou cair cola na Cartilha Davi!”.





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Comentários

  1. Rafael de Albuquerque Wagner5 de junho de 2010 às 09:33

    Sugar Pie Honey Bunch! huahuahuahua! Muito bom!!!

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