CARTA DE AMOR


Na vida, a gente conhece pessoas que não nos trazem nada.  Algumas até, que nos tiram tudo. Mas, como Deus sempre reserva o melhor para cada um de seus filhos, quando amadurecemos percebemos que o amor só é amor quando não nos traz dor. Amor é calmaria. Amor é bemquerer; companheirismo; alegria. É o amor a dois o amor parceiro; verdadeiro. Tu me trouxeste o amor imutável de Deus. Aquele que é simples porque não vem com armadilha, com percalço, com problema.

Eu nunca pensei o amor entre dois homens, no entanto ele existe. Nós existimos. Como em nenhum momento pensei o amor entre duas mulheres. E nem o amor homem-mulher. Jamais pensei, porque sabia que um dia o amor viria, não como o amor corpo; carne; casca; sexo; gênero; geografia; utopia. Pois para mim o amor é ideologia. O encontro de duas almas que simplesmente se amam. Sejam elas homem-homem, mulher-mulher, homem-mulher. Por isso, amor, seja bem-vindo! E já que hoje é um dia especial (como todos os dias o são), deixa-me dizer-te uma coisa:
Eu te amo.

Termino  aqui esta carta de amor, não como um fim em si mesma, todavia como o meio (o caminho); que aí sim, alcança o seu fim (a sua finalidade).
E como tudo isso vem de mim, passo a palavra para aquele que através de sua poesia, resume tudo que sinto por ti, sem a mim diminuir:
A ti, “Todas as cartas de amor”, de Fernando Pessoa.
Ps: Feliz Dia dos Namorados!

Todas as cartas de amor
(Álvaro de Campos/heterônimo de Fernando Pessoa)   

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


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